Eleições 2022: Crise econômica e social se impõe e molda discurso dos presidenciáveis

By | 09/12/2021 6:45 am

Pré-candidatos à Presidência dão protagonismo a propostas para geração de renda e emprego em agendas e discursos; pesquisas citam temas como os que mais preocupam o eleitor

Diante de um cenário de crescente crise econômica, marcada pelo desemprego elevado e alta inflacionária, os principais pré-candidatos à Presidência moldaram seus discursos e levaram propostas de geração de renda e trabalho para centro do debate político.

A preocupação do eleitor com os temas vem sendo detectada em pesquisas qualitativas das pré-campanhas e levantamentos de empresas e consultorias.

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Fachada do Palacio do Planalto; pré-candidatos à Presidência já formaram “conselheiros” na área econômica com o objetivo de formular propostas para ampliar a renda e reduzir a inflação. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O protagonismo da economia no debate eleitoral ficou evidente nas agendas mais recentes dos presidenciáveis e no lançamento nesta quarta-feira, 9, da pré-candidatura da senadora do MDB Simone Tebet (mais informações nesta página). Ela defendeu a recriação do Ministério do Planejamento como medida prioritária. “Um País que não planeja não sabe para onde vai. É um País como nós temos hoje. Sem comandante e com um piloto da economia que não sabe para onde vai.”

Como mostrou o Estadão, pré-candidatos já formaram “conselheiros” na área econômica com o objetivo de formular propostas para ampliar a renda e reduzir a inflação. Para 2022, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) piorou, de acordo com boletim Focus do Banco Central (BC) divulgado nesta semana. A estimativa de expansão do PIB para 2022 recuou de 0,58% para 0,51% – há um mês, estava em 1%. Já o IPCA, que deve fechar este ano em 10,19%, pode chegar a 5,02% em 2022, também de acordo com o boletim – para conter a alta dos preços, o BC elevou também na quarta-feira a Selic, a taxa básico de juros, a 9,25%, a maior em quatro anos.

Segundo pesquisa Genial/Quaest, a economia é o principal problema enfrentado hoje pelo País na percepção dos brasileiros. O tema, que agrega desemprego e inflação, foi citado por 41% nas duas mil pessoas entrevistadas pelo instituto, à frente de pandemia (19%) e questões sociais (14%). A corrupção foi lembrada por 10%. “O aumento dos preços e o desemprego associado a um não crescimento econômico farão com que o debate seja sobre isso”, disse o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Para o pesquisador Renato Meirelles, presidente do Instituto Lokomotiva e especialista em pesquisas com a classe C, a economia será em 2022 o que a corrupção foi em 2018 como tema eleitoral. “A economia para as pessoas não é o dado do PIB, mas saber se ela enche ou não o carrinho do supermercado com o mesmo dinheiro que enchia antes. Ou seja: inflação”, disse.

O ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) tem extrapolado o discurso anticorrupção e batido na tecla do combate à pobreza. Ele esteve com dois pré-candidatos do centro: Luiz Felipe d’Ávila (Novo) e João Doria (PSDB) na quarta-feira. “Temos que fazer uma mesa-redonda para criar uma agenda comum, e esse debate tem que começar pela economia”, disse d’Àvila ao Estadão.

Vencedor das prévias tucanas, o governador paulista, por sua vez, também tem colocado a recuperação da economia como prioridade de sua agenda e anunciou o ex-ministro da Fazenda e atual secretário da pasta em São Paulo, Henrique Meirelles (PSD), como porta-voz da equipe que vai elaborar seu plano de governo na área. Não por acaso, foi o primeiro anúncio do tucano, que pretende montar um time com seis economistas.

Em um evento com sindicalistas na sede da Força Sindical, em São Paulo, o ex-presidente Lula criticou o teto dos gastos e centrou a maior parte de sua fala em dois temas: emprego e renda. “Se a gente emprestar dinheiro para o povo pobre, ele vai fazer a economia desse país girar. O consumidor compra, a indústria produz, gera mais renda, consumo e produção”, disse, ao defender que o perdão da dívida de grandes empresas deveria se estender a quem tem renda menor.

Já o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tratou do tema em uma live realizada na terça-feira com o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga. Por uma hora e meia, eles falaram exclusivamente sobre os principais tópicos ligados à economia brasileira. Ambos criticaram a alta taxa de juros no Brasil e compartilharam preocupações com a atual condução da economia no País.

André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, avalia que os pré-candidatos liberais terão dificuldades em defender medidas como o ajuste fiscal. “O fato é que dado o nível de desemprego, queda da renda, inflação e taxa de juro, falar em austeridade vai ser muito difícil”, disse.

Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) defende a agenda econômica do governo e mantém um discurso focado na pauta de costumes. Semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou que a economia brasileira segue em recuperação em ‘V’: ‘O Brasil está de pé”, disse. / PEDRO VENCESLAU, GUSTAVO QUEIROZ, LEVY TELES E DAVI MEDEIROS

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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