Bolsonaro teve mais vetos rejeitados do que Lula, Dilma e Temer juntos

By | 11/12/2021 10:16 am

Congresso Nacional já reverteu, total ou parcialmente, 64 decisões do atual presidente da República desde 2019

(Marcelo Montanini, no Metrópoles, em
Jair BolsonaroIgo Estrela/Metrópoles
O presidente Jair Bolsonaro (PL) é o chefe do Executivo federal com mais vetos presidenciais rejeitados pelo Congresso Nacional desde o ano 2000. Bolsonaro, que assumiu em 1º de janeiro de 2019, já teve, em 2 anos e 11 meses, 64 decisões revertidas, total ou parcialmente, por parlamentares. O número é maior que a soma dos reveses sofridos pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), que, juntos, totalizam 32, em 16 anos.

Um levantamento do Senado Federal, ao qual o Metrópoles teve acesso, aponta que, em três anos, Bolsonaro vetou 185 projetos, total ou parcialmente, e 64 dessas decisões foram revertidas pelos parlamentares – o que corresponde a 34,5%. O estudo contabiliza os vetos desde o ano 2000, período disponível no site do Congresso Nacional.

Antes, o chefe do Executivo com mais reveses no Congresso havia sido Temer, que governou por dois anos e meio e teve 21 projetos, dos 127, rejeitados – o que representa 16,5%. A ex-presidente Dilma vetou 264 projetos e apenas oito deles foram revertidos (1,5%). E o ex-presidente Lula teve três reveses nos 357 projetos vetados durante os mandatos, o que corresponde a 0,5%.

Sessões

A última sessão do Congresso para analisar vetos ocorreu em setembro passado, quando os parlamentares derrubaram as rejeições de Bolsonaro às federações partidárias e à realização de despejos durante a pandemia de Covid-19. Desde então, não houve mais sessões do Congresso para apreciar matérias barradas pelo presidente.

Contudo, uma resolução aprovada em 2013 alterou a tramitação dos vetos. Desde então, as matérias não analisados em 30 dias passaram a “trancar a pauta” do Congresso “para qualquer outra deliberação” – ou seja, impede a análise de outras propostas até que as rejeições presenciais sejam apreciadas.

Ao sancionar um projeto para transformá-lo em lei, o presidente da República pode vetar trechos ou a íntegra do texto aprovado pelo Legislativo. O Congresso, todavia, pode ou não aceitar as alterações. Para rejeitar um veto e restituir a redação da proposta aprovada nas Casas é necessário ter maioria absoluta dos votos tanto na Câmara – ou seja, 257 votos dos 513 deputados – quanto no Senado – 41 dos 81 senadores.

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Desde o ano passado, Bolsonaro buscou se aproximar do Centrão, que, atualmente, ocupa espaços na Esplanada dos Ministérios com Ciro Nogueira (PP-PI), na Casa Civil, e Flávia Arruda (PL-DF), na Secretaria de Governo. Mais recentemente, o presidente se filiou ao PL, presidido por Valdemar Costa Neto (SP) – político condenado no Mensalão.

“Abdicou da liderança”

A derrubada de veto é, entre outras coisas, efeito da falta de uma base sólida no Parlamento, mas, especialmente no caso de Bolsonaro, houve uma abdicação de liderança, diz o cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

“Desde o primeiro momento, Bolsonaro abdicou de ter a liderança de uma coalizão no Congresso. Normalmente, os presidentes tendem a construir uma coalizão desde o primeiro dia e a capitanear essa aliança. No caso de Bolsonaro, ele está a reboque do Centrão”, avalia.

O professor destaca que a liderança dessa união montada pelo chefe do Executivo desde o ano passado coube ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Couto pontua, entretanto, que essa aliança com o Centrão trouxe uma melhora na relação do governo com o Congresso. “O governo descobriu que no presidencialismo de coalizão precisa fazer coalizão”, ironiza. “E a coalizão ajudou o governo a não ter o Congresso como um adversário.”

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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