Com governo fraco, país vai de mal a pior!

By | 11/12/2021 5:14 am
Inflação e estagnação também em 2022

Com atividade econômica se desacelerando, inflação acumulada em 12 meses faz lembrar a dos piores momentos deste século

(Editorial dO Estadão, em 11 de dezembro de 2021)

Ao contrário do mundo de fantasia que o ministro da Economia, Paulo Guedes, vive a anunciar, a vida real insiste em mostrar uma economia que patina, com desemprego em nível muito alto e preços que não param de subir, e a velocidades crescentes. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fechou o mês de novembro com alta de 0,95%.

A variação foi menor do que a de outubro (de 1,25%). Mas o avanço da inflação traz de volta alguns dos piores momentos vividos pelos consumidores neste século.

A alta acumulada em 12 meses chegou a 10,74% (mais do que os 10,67% acumulados até outubro). É a maior variação de 12 meses até novembro desde 2003 (de 11,02%), no primeiro ano do governo chefiado pelo PT. A alta supera até mesmo o pior resultado de 12 meses registrado em janeiro de 2016, de 10,71%, no auge da crise do governo da presidente Dilma Rousseff.

O ministro Paulo Guedes costuma dizer que a atividade econômica se recupera vigorosamente, de modo que, no gráfico de sua evolução, adquiriria o formato de “V”. À acentuada queda observada nos primeiros meses da pandemia se seguiria uma vigorosa recuperação, que estaria se mantendo. Os dados reais mostram que a recuperação dos primeiros meses após a pandemia perdeu empuxo. No segundo e no terceiro trimestres, a produção se contraiu, caracterizando uma recessão técnica. Taxa alta de desocupação e de trabalho precário, queda da renda real e, consequentemente, aumento da pobreza acrescentam drama humano à frieza dos números.

Já o gráfico da inflação, este sim mostra uma alta tão persistente e vigorosa que a figura do “V” foi deturpada, pois a expansão depois da pandemia é tal que os dados recentes correspondem a mais do dobro dos registrados antes da chegada da covid-19. Em maio de 2020, a inflação acumulada em 12 meses era de 1,88%, segundo o IBGE. Vem crescendo continuamente desde então e, em novembro, correspondia a mais do dobro da registrada um ano antes (de 4,31% em 12 meses em novembro do ano passado).

São muitos os fatores que fazem a inflação subir. Em novembro, os combustíveis continuaram a ser os principais responsáveis. O preço dos alimentos, vilão em meses anteriores, até surpreendeu. Em novembro, o grupo alimentos e bebidas do IPCA registrou redução de 0,04%. Mas o custo da habitação subiu 1,03%, principalmente por causa da energia elétrica e do gás.

O governo continua a prometer vida melhor no futuro próximo. Não se poderia esperar que fizesse diferente, pois 2022 é ano eleitoral. Mas quem conhece a realidade discorda. Na projeção de analistas do mercado financeiro, a inflação, que neste ano deverá ser mais do dobro da meta de 3,75%, superará a meta também no ano que vem (meta de 3,5%). As projeções crescem a cada nova pesquisa semanal do Banco Central. Já para a economia, elas diminuem constantemente. As mais recentes são de expansão de 4,71% neste ano e de 0,51% em 2022. Inflação com economia parada, eis o que nos espera.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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