Bom senso exige passaporte da vacina. Só que falta senso no Governo brasileiro!

By | 14/12/2021 8:52 am

Mais uma vez, o Supremo é instado a agir na pandemia para mitigar os males da irresponsável omissão do governo

(Editorial dO Estadão, 14 de dezembro de 2021)
Suprindo, mais uma vez, um vácuo de liderança nacional no enfrentamento da pandemia de covid-19 no País, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal exija a apresentação do comprovante de vacinação, o chamado “passaporte da vacina”, de todos os viajantes que chegam ao Brasil, exceto daqueles que não podem receber o imunizante por ordem médica ou venham de um país onde comprovadamente não haja vacina disponível. A decisão liminar do ministro Barroso já está em vigor e será submetida à votação pelo plenário virtual do STF até o final do dia 16.

Houvesse governo em Brasília, o Judiciário não teria de tomar uma decisão que, a rigor, deveria vir idealmente do Executivo, sem a necessidade de provocação de outro Poder, sobretudo quando se trata de uma decisão absolutamente necessária para resguardar a saúde dos brasileiros.

O mundo inteiro está aflito diante das incertezas trazidas pela descoberta da variante Ômicron. Países que enfrentam a crise sanitária de forma séria e responsável têm adotado medidas que restringem a circulação de pessoas não vacinadas.

Pouco ainda se sabe sobre os riscos que a nova cepa do coronavírus representa, mas é consenso entre epidemiologistas que as vacinas disponíveis atualmente, se não impedem totalmente a contaminação pela Ômicron (os laboratórios ainda realizam os testes de eficácia de seus imunizantes), ao menos impedem o desenvolvimento da covid-19 em sua forma mais grave na grande maioria dos casos. Logo, exigir a apresentação do comprovante de vacinação daqueles que querem entrar no País é uma medida muito razoável.

Além de ser uma política sanitária rigorosamente sensata e cientificamente justificável, a exigência do comprovante de vacinação contra a covid-19 para os viajantes que chegam do exterior ao Brasil foi recomendada ao governo federal pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É espantosa a frequência com que Bolsonaro se contrapõe às diretrizes da agência no curso desta crise, uma “omissão do Executivo federal”, como descreveu o ministro Barroso em sua liminar, sem citar o presidente Jair Bolsonaro, que não poderia prosperar.

O Judiciário, portanto, agiu quando provocado diante da irresponsabilidade do governo federal. Quando se trata de evitar a disseminação de um vírus que já causou a morte de mais de 615 mil brasileiros, soluções ideais são superadas por soluções possíveis. Assim tem sido desde o início da emergência sanitária. Com frequência muito acima do que seria de esperar caso o Brasil fosse governado por alguém à altura da Presidência da República, o Congresso, o Supremo e os governos subnacionais têm tomado decisões que, não raras vezes, se contrapõem aos caprichos e interesses político-eleitorais de Bolsonaro.

Se dependesse do presidente da República, o Brasil seria transformado numa espécie de parque temático para os negacionistas da gravidade da pandemia de covid-19. Mas, por sorte, há gente séria no País pensando – e agindo – no melhor interesse dos brasileiros.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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