Sempre que pôde, promoveu aglomeração e tumulto. Jamais incentivou o uso da máscara. Ao contrário. É um contumaz infrator que insiste em se expor – e expor os outros – ao risco. Além disso, não perde uma única oportunidade de propagandear drogas sem eficácia comprovadas. Primeiro foi a hidroxicloroquina. Agora é o vermífugo do ministro astronauta.
Bolsonaro é tão estúpido, mas tão estúpido, que nem mesmo o Ministério da Saúde ele poupou. Em menos de dois meses demitiu dois ministros, e até hoje não nomeou um outro. Cuida da Pasta um pobre militar subserviente e neófito no assunto. Se houvesse um Prêmio Nobel para incompetência diante da Covid-19, o amigão do Queiroz levaria fácil, fácil.
Após desdenhar da vacina chinesa, em teste no País por obra e graça de João Doria; após passar meses, repetindo feito papagaio, o bufão Trump, que o vírus é chinês; após abrigar no governo, idiotas que maldizem a China (simplesmente o nosso maior parceiro comercial), o maridão da ‘Micheque’ anunciou a compra de quase 50 milhões de doses da tal Coronavac.
Doria é desafeto e rival de Bolsonaro. Passou os últimos meses sendo atacado diariamente pela claque bolsonarista. Entre arriscar ‘pagar pau’ para o governador de São Paulo e fazer política às custas de milhares de vidas brasileiras, o que preferiu o bobo da corte do Planalto? O risco de vida, claro! Já que não é a dele.
Por conta da reação dos seus seguidores fanáticos – aquela gente estranha que acredita que a Terra é plana e outras bizarrices do gênero -, nesta quarta-feira (21) o presidente voltou atrás e, em tese, desautorizou o negócio com os chineses. Em verdade, apenas fez um comunicado (com ares de cancelamento) óbvio: a droga precisará ser aprovada.
Não se iludam. Tão logo a ‘vacina chinesa do Doria’ seja certificada pela Anvisa – como qualquer outra vacina e medicamento precisam ser – o lunático dará um jeito de engabelar sua claque, dizendo que é o verdadeiro salvador da pátria, e cuidará de espetar nossos bumbuns (ou braços) com o remédio “cientificamente aprovado”.
Não deixa de ser uma bela mudança para quem, até ontem mesmo, oferecia cloroquina às emas do Alvorada. O que não vale uma eleição, não é verdade?