A pergunta que não quer calar é por que, raios, o presidente Jair Bolsonaro mantém a obsessão em combater o combate à pandemia de covid-19, voltando suas baterias no finalzinho do ano contra o passaporte de vacina e a imunização de crianças de 5 a 11 anos. Todo mundo sabe o quanto o Brasil perde com isso, mas ninguém, ou ninguém em sã consciência, consegue entender o que ele ganha com isso. É um jogo de perde-perde.
O País, Estados, municípios, Supremo, Anvisa, a ciência, a medicina e a opinião pública andam para um lado, Bolsonaro anda para o outro com sua legião de negacionistas e o dr. Marcelo Queiroga, que encarna o espírito do general da ativa Eduardo Pazuello.
A pandemia vai cedendo, com o índice de totalmente vacinados chegando a 70% e com a correspondente queda de internações e mortes, mas a covid, suas variantes e a danada da Ômicron ainda estão no ar. Não é hora para brincadeira.
Em todo o mundo civilizado foram retomadas medidas da fase aguda e implementadas novas, como a terceira dose, o passaporte de vacinas e a imunização de crianças, para protegê-las e conter o ciclo de contaminação. Aqui, a guerra é para driblar Bolsonaro, que nem tomou a primeira dose e está obcecado em impedir o comprovante de vacinas e que as crianças se protejam.
Como achar normal o presidente exigir a lista dos técnicos da Anvisa que autorizaram a vacinação para os pequenos? E o ministro da Saúde inventar consulta pública e exigência de receita médica? Até os médicos da pasta não suportam mais, como mostra o parecer a favor da Anvisa e da vacina para crianças e contra o ministro e o presidente.
Não dá para imaginar pais e mães cheios de problemas, muitos nas ruas e/ou passando fome, lutando por uma consulta e para conseguir a receita antes da fila da vacina. É insano e cruel, assim como liberar geral para negacionistas e até contaminados entrarem no Brasil sem vacina. O país do Carnaval vai virar o país da esbórnia da Ômicron.
E veio o ataque hacker ao ConecteSUS, comprometendo os dados e justamente os comprovantes de vacina. Duas semanas fora do ar?! Tudo isso tem a ver com a indignação – ou debandada – na Anvisa, Iphan, INEP, Capes, Receita… Há uma exaustão diante de tantos absurdos, dessa tentativa de normalizar o que não tem absolutamente nada de normal.
Aliás, a Bahia vive uma tragédia e 45 mil passageiros ficaram a ver navios e voos ao longe, vítimas de uma companhia aérea mequetrefe autorizada pela Anac e recebida em festa pelo governo. Cadê o presidente da República?! Na praia, dançando funk.
*COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA