Ex-secretário de Meio Ambiente diz que retirada das algarobas do leito do Rio Espinharas não representa uma medida segura
O engenheiro químico e doutor em engenharia de processos e ex-secretário de meio ambiente de Patos, Silvio Moreira, se posicionou contrário a retirada de algarobas em Patos, ao longo do leito do Rio Espinharas e do Rio da Cruz em Patos, em contato nesta quarta-feira (50, com o jornalista Misael Nóbrega, da Rádio Espinharas FM de Patos, 97,9.
Segundo ele, a ação já foi realizada em anos anteriores, e não surtiu um efeito positivo, uma vez que a multiplicação da espécie no leito se deu de forma bastante acentuada após a retirada das árvores que ocupavam o leito dos rios.
“Foram feitos retiradas de várias árvores em anos anteriores, e a gente viu que após essa retirada brotaram muito mais árvores, a onde se tinha uma árvore em uma distância de cinco metros, por exemplo, brotaram muito mais árvores após a retirada”, explicou Sílvio Moreira.
Sílvio Moreira também colocou que as árvores da mata ciliar no leito dos rios impedem que o bloqueio de objetos trazidos por grandes cheias, o que não garante a segurança para evitar problemas ocasionados pelas chuvas e deixa o caminho livre para a passagem de todo tipo de material trazido pelo rio em sua época de cheia.
O engenheiro considerou que a iniciativa representa um investimento bastante alto para o município, e disse que as pessoas que residem em áreas próximas ao leito dos rios precisam ficar atentas no período atual, também se fazendo necessário um trabalho preventivo por parte da Defesa Civil do município, para evitar maiores danos a população.
Nossa opinião
Diz a sabedoria popular que “não deve o sapateiro ir além das sandálias”, mas sem o saber científico do Dr. Sílvio Moreira, vou chamar a atenção para alguns aspectos práticos da limpeza do Rio Espinharas. Concordamos plenamente em dois pontos levantados pelo Dr. Sílvio. O trabalho de retirada das algarobas do leito do rio é caro e não resolve o problema. A retirada da mata ciliar é realmente nociva, pois esta impede uma maior poluição do leito do rio. A difusão da algaroba da algaroba no Brasil trouxe um dano na vegetação de modo geral, pois se trata de uma espécie exógena, altamente invasiva, o que explica a sua rápida proliferação no leito do rio. Cada vagem que cai provocará o nascimento de inúmeras outras árvores. Neste sentido o que se tem que fazer é manter a limpeza permanente do leito do rio, após uma primeira limpeza. Não se pode esperar que as novas plantas nasçam, cresçam e produzam novas vagens. Depois da primeira limpeza tem que, a cada ano ir erradicando as plantas novas, antes que fiquem adultas e comecem a produzir. Ou seja, tem que fazer um trabalho de erradicação total. Mas a cada ano, a limpeza ficará mais barata pois as arvorezinhas são de mais fácil erradicação. Quanto à mata ciliar, esta tem que ser, não só protegida, como intensificada a sua reposição, para aumentar sua capacidade de fixação do solo e de proteção contra a entrada de lixo no leito do rio. Do ponto de vista administrativo, tem razão o Dr. Sílvio que a limpeza pesada do leito do Rio é cara, mas se for feito um trabalho permanente esta despesa se dilui. Por outro lado, preocupa-nos a presença de árvores e outros dejetos no leito do Rio Espinharas pelo risco que podem representar em caso de enchentes. Na cheia de 2019, não tínhamos um rio tão poluído de árvores e tivemos uma enchente que trouxe grandes prejuízos. Uma enchente bem menor do que aquela pode trazer danos semelhantes diante da atual situação do leito do rio.(LGLM)