Se as vagas são insuficientes para quem estuda, ideia de Bolsonaro vai premiar quem não estuda

By | 14/01/2022 8:53 am

Governo quer liberar vaga do Jovem Aprendiz a quem não estuda

(Matéria do UOL, Com Informações do Estadão Conteúdo)

 

Governo Bolsonaro estuda alterar o programa Jovem Aprendiz para permitir que jovens de 14 a 24 anos sem matrícula escolar possam ser contratados - Divulgação

O governo Jair Bolsonaro (PL) estuda alterar o programa Jovem Aprendiz para permitir que jovens de 14 a 24 anos sem matrícula escolar possam ser contratados. Se aprovada, a medida remove da lei o seu ponto principal.

O governo também estuda flexibilizar a norma que obriga empresas a contratar uma cota de aprendizes proporcional ao número de funcionários, além de atrelar a remuneração ao salário mínimo

O Brasil tem cerca de 461,5 mil jovens aprendizes, segundo dados do Ministério da Economia obtidos pelo Estadão. Quase 50% do grupo trabalha na indústria de transformação e no comércio. A principal função é de auxiliar de escritório ou assistente administrativo.

Procurado pelo Estadão para explicar o estudo, o Ministério do Trabalho e Previdência informou que um grupo de trabalho foi instalado em dezembro de 2021 para definir propostas de “aperfeiçoamento” ao programa Jovem Aprendiz.

Segundo a pasta, as mudanças são pensadas em conjunto com representantes dos trabalhadores e dos empregadores. A expectativa do Ministério do Trabalho é que o grupo termine o debate em março —a próxima reunião está agendada para o dia 18

Ao Estadão, o presidente da Força Sindical criticou as mudanças. Segundo Miguel Torres, o programa pode ser descaracterizado por influência de empresários que teriam a intenção de acabar com a cota.

“Eu sou contra isso”, disse o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. “Alguém deve estar sendo beneficiado.”

A Lei do Aprendiz foi sancionada em 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso, e determina que empresas de médio e grande porte reservem vagas para adolescentes e jovens. A cota de vagas é de, no mínimo, 5% e de, no máximo, 15% do quadro de funcionários.

A lei exige a anotação na carteira de trabalho e “matrícula e frequência” do aprendiz na escola.

O Estadão também ouviu o MPT (Ministério Público do Trabalho) sobre as mudanças propostas pelo governo Bolsonaro. Para o órgão, a alteração no texto acaba com uma das principais funções do programa: o combate ao trabalho infantil e à evasão escolar.

“Essa é uma matéria muito cara para a fiscalização do trabalho, na prevenção e erradicação do trabalho infantil. O programa de aprendizagem foi criado para trazer uma infância protegida, com garantia de estudo, com renda, e com qualificação profissional”, disse Ana Maria Villa Real, coordenadora nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente do MPT

Para atender a certos interesses econômicos, o grupo também quer focar na contratação de maiores de 18 anos, subvertendo o público original do programa, que são os adolescentes mais vulneráveis. O que eles querem são trainees ou estagiários de luxo. Ana Villa Real do MPT critica a proposta de priorizar jovens para vagas de nível técnico ou tecnólogo

Em 2021, mais de 60% dos aprendizes contratados tinham menos de 18 anos. “Os ataques ao jovem aprendiz partem de uma ala mais velha da classe empresarial e da burocracia estatal. Se uma empresa tem problemas com o Jovem Aprendiz, significa que ela tem problemas muito maiores do que isso”, afirmou Humberto Casagrande, CEO do Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola).

 

Nossa opinião

Trabalhamos mais dez  anos nesta área no Ministério  do Trabalho e concordamos, plenamente, com os que se manifestaram contra esta ideia de “jerico”. (LGLM)

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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