Está chegando a hora de acertarmos as contas com Bolsonaro

By | 18/01/2022 9:28 am

O mensageiro da morte, agora, ameaça levar a Covid-19 para o Suriname

(Ricardo Noblat, em
Bolsonaro participa de primeira motociata em Goiânia 1Vinícius Schmidt/Metrópoles
Faz um ano que começou no Brasil a vacinação contra a Covid-19. Ela deve-se ao governador João Doria (PSDB), de São Paulo, porque o presidente Jair Bolsonaro era contra.

Registre-se o empenho de Bolsonaro em retardar a vacinação, causando mortes que poderiam ter sido evitadas. Foi bem-sucedido desde que o vírus surgiu na China em dezembro de 2019.

Não foi naquele ano, nem em março de 2020 quando o vírus matou aqui pela primeira vez, nem em janeiro de 2021 quando o primeiro brasileiro foi vacinado, que Bolsonaro disse com orgulho:

Da minha parte, eu não tomei vacina e não vou tomar vacina. É um direito meu e de quem não quer tomar. Até porque os efeitos colaterais e adversos são enormes”.

Como 79% dos brasileiros são a favor de vacinar as crianças, e 81% da apresentação de comprovante de vacinação para a entrada em locais fechados, Bolsonaro, ontem, deu o dito pelo não dito.

“Deixo bem claro, foi o nosso governo que comprou 400 milhões de doses de vacinas. Continuam me acusando de ser contra a vacina, mas como? Se comprei 400 milhões de doses?”

Um apanhado de 15 afirmações feitas por ele nos últimos 15 meses confirma o que Bolsonaro quer que esqueçamos:

2.set.2020 – “Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”.

21.out.2020 – “Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.

5.dez.2020 – “Como sempre, eu nunca fugi da verdade, eu te digo: eu não vou tomar vacina. E ponto final. Se alguém acha que a minha vida está em risco, o problema é meu. E ponto final”.

19.dez.2020 – “A pressa da vacina não se justifica porque você mexe com a vida das pessoas, você vai inocular algo em você”.

7.jan.2021 – “Vocês sabem quantos por cento da população vai tomar vacina? Pelo o que eu sei, menos da metade vai tomar”.

11.fev.2021 – “Quando eu falei remédio lá atrás, levei pancada. Nego bateu em mim até não querer mais. Entrou na pilha da vacina. O cara que entra na pilha da vacina, só a vacina, é um idiota útil. Nós devemos ter várias opções”.

4.mar.2021 – “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo] ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo”.

17.jun.2021 – “Eu estou vacinado entre aspas. Todos que contraíram o vírus estão vacinados, até de forma mais eficaz que a própria vacina, porque você pegou vírus para valer. Quem pegou o vírus está imunizado, não se discute”.

14.out.2021 – “Por que obrigar criança a tomar vacina? Qual a chance de uma criança, por exemplo, contrair o vírus e ir a óbito? […] Parece, não quero afirmar, que é o lobby da vacina”.

7.dez.2021 – “A gente pergunta: por que o passaporte vacinal? Essa coleira que querem botar no povo brasileiro. Cadê nossa liberdade? Prefiro morrer do que perder minha liberdade.”

19.dez.2021 – “Vacina para criança: primeiro, só autorizado pelo pai. Se algum prefeito, governador, ditador aí quiserem impor é outra história. Mas por parte do governo federal tem que ter a autorização dos pais. Tem que ter uma receita médica”.

27.dez.2021 – “A questão da vacina para crianças é uma coisa muito incipiente, o mundo ainda tem dúvidas, e não vem morrendo crianças que justifique uma vacina emergencial”.

6.jan.2022 – “A vacina será de forma não obrigatória. Então, ninguém é obrigado a vacinar o teu filho. Se é não obrigatória, nenhum prefeito ou governador poderá impedir o garoto ou a garota de se matricular nas escolas por falta de vacina”.

12.jan.2022 – “300 e poucas crianças, lamento cada morte, ainda mais de crianças que a gente sente mais. Mas não justifica vacinação pelos efeitos colaterais adversos que essas pessoas têm”.

A próxima viagem internacional de Bolsonaro será ao Suriname nesta quinta-feira (20/1). Dos 52 integrantes da equipe precursora que voariam para lá, 10 contraíram o vírus.

Quer dizer: não basta ter dado passe livre ao vírus para que matasse quem tivesse de morrer no Brasil, ele pode pôr em risco no Suriname a saúde dos que o receberem, e à sua comitiva.

O mensageiro da morte não liga para a própria vida desde que escolheu ser paraquedista e antes de o Exército dispensá-lo por conduta antiética, acusado de pretender jogar bombas em quartéis.

O médico responsável pela internação de Bolsonaro no último dia 3º, o cirurgião Antônio Luiz Macedo, aconselhou Michelle, a primeira-dama, a pôr um cadeado na moto dele.

“O presidente não pode fazer força também por um bom tempo, a força pode fazer o abdome torcer”, explicou Macedo. Há dois dias, Bolsonaro passeou de moto em Brasília.

Se não tem amor à vida, o problema é dele. Ameaçar a vida alheia, porém, é um problema que afeta a todos os seus governados. Está próxima a hora de acertarmos as contas com Bolsonaro.

Comentário

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *