É preciso romper o ferrolho!

By | 27/01/2022 6:49 am

Pressionada pelo duplo ataque de bolsonaristas e lulistas, 3.ª via busca ‘novidade eleitoral’

(William Waack, colunista dO Estadão, 27 de janeiro de 2022)

Imagem William WaackParece que também Lula considera alta a probabilidade de Jair Bolsonaro não estar no segundo turno. Daí certa pressa em “garantir” o mais cedo possível uma ampla coligação para ganhar já no primeiro.

Lula seria poupado de dois cenários de alto risco. O primeiro é ter de enfrentar mais uma vez o “todos contra o PT”. Parte da militância petista, especialmente nos círculos intelectualizados, considera que Lula já passou da condição de vilão à de mártir. A esta altura do calendário, é uma postura temerária.

Lula e Bolsonaro
Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Foto: Amanda Perobelli/REUTERS e Dida Sampaio/ESTADÃO

O segundo cenário de risco para Lula – se tiver de enfrentar um segundo turno – é o longo mês de negociações entre a primeira e a segunda votação com diferentes chefes de bancadas, capazes de extrair o máximo dele. Por isso mesmo, o esforço de articuladores do PT para formar uma bancada de no mínimo 257 integrantes, contando, além da esquerda, com uma eventual federação e/ou com PSB e PSD de Gilberto Kassab. É nesta complicada tarefa que Lula se concentra hoje.

Um segundo turno só seria confortável para Lula, portanto, se seu adversário fosse Jair Bolsonaro. Ao contrário do que pensa o presidente da República, hoje é muito mais fácil formar uma coligação contra ele do que contra Lula. Há, de fato, notável divergência de opiniões entre articuladores e analistas políticos quanto às chances de Bolsonaro não passar do primeiro turno. Para sustentar que Bolsonaro vai para o duelo final cita-se o exemplo de José Serra – que chegou a um segundo turno contra Lula com apenas 23% dos votos.

Vem daí o que surge como óbvia e clara tática eleitoral de Bolsonaro: fechar as portas a qualquer candidato que represente ameaça real de tirá-lo da segunda votação. O alvo neste momento é o ex-juiz Sérgio Moro, que precisará de muito mais robustez político-partidária e de capacidade de campanha política para enfrentar o “movimento de pinça” (na linguagem militar) de bolsonarismo e petismo contra ele. Até aqui, o movimento o impede de decolar.

Setores da terceira via consideram, a partir desse quadro, que apenas uma “absoluta novidade” eleitoral romperia essa espécie de “ferrolho” bolsonarista-lulista do quadro político. Alguns veteranos de operações políticas são muito céticos quanto à possibilidade de Ciro Gomes e João Doria representarem esse papel.

Passaram a apostar na senadora Simone Tebet. Estão tratando de dar a ela o que se chamaria de “fortalecimento de musculatura” política – e grudar nela um grande nome da economia, ligado ao sucesso do Plano Real. De vice ideal, Simone está passando à condição de última esperança.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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