PSDB e Doria fazem ofensiva para fechar federação com o Cidadania

By | 31/01/2022 6:59 am

Acordo ganha aval na sigla tucana, mas sofre resistência de Alessandro Vieira e diretórios da legenda presidida por Roberto Freire; modelo prevê apenas uma candidatura majoritária

Daniel Reis, especial para O Estadão, Gustavo Queiroz e Rubens Anater, dO Estadão, 31 de janeiro de 2022 

O PSDB aguarda a definição do Cidadania e espera em breve consolidar uma federação partidária nas eleições deste ano. Para os tucanos, o acordo simbolizaria a primeira convergência à pré-candidatura do governador de São Paulo, João Doria. O partido presidido por Roberto Freire, no entanto, terá de superar resistências internas. Na prática, como o modelo só permite um candidato, a avaliação nas duas legendas é de que a junção sepultaria a postulação do senador Alessandro Vieira (SE), pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo Cidadania.

Ontem, durante live promovida pelo grupo Parlatório, Doria voltou a defender a união de pré-candidatos do “centro liberal-social” e disse que o PSDB “está adicionando” o Cidadania. A executiva nacional tucana aprovou na semana passada, por unanimidade, o entendimento para a formação de uma federação partidária com o Cidadania.

O governador paulista chegou a publicar uma mensagem cumprimentando o presidente do PSDB, Bruno Araújo, e Freire “pela ótima decisão de criar uma federação partidária”. A manifestação, contudo, foi prontamente contestada por Vieira, que incluiu o Podemos – que tem como pré-candidato o ex-juiz Sérgio Moro – como opção de acordo.

 

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João Doria, pré-candidato do PSDB ao Planalto; governador paulista demonstra confiança num acordo para uma federação com o Cidadania. Foto: Felipe Rau/Estadão – 22/3/2021

Para o senador, a possibilidade de uma federação “exige ajuste coerente de programa comum e garantia de mecanismos justos e transparentes de atuação conjunta durante quatro anos, em especial para definição de candidaturas e formação de chapas em todas as esferas, sem imposições”.

Amanhã, a Executiva do Cidadania vai se reunir para convocar o diretório nacional – que possui 112 integrantes – a decidir sobre a questão. Além de PSDB e Podemos, PDT e MDB também dialogam com o Cidadania. Vieira vê resistência em ao menos seis unidades da Federação – Paraíba, Rio, Pará, Minas Gerais, Distrito Federal e o Acre. Já o deputado estadual João Vitor Xavier, presidente do partido em Minas e contrário à federação, afirmou que 16 diretórios estaduais já manifestaram resistência à aliança com o PSDB. Entre eles, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Sergipe.

‘Transparência’

Ao Estadão, Vieira disse que “a resistência (à federação) é justa” e que, se a ideia for adiante, precisa de “regras muito transparentes”. “Mas eu não vejo essas regras postas e, se elas não forem colocadas com clareza, eu me posicionarei de forma contrária”, afirmou o parlamentar, um dos expoentes do grupo Muda Senado, criado em meados de 2019 com uma pauta de renovação das práticas políticas na Casa e defesa do combate à corrupção.

Recentemente, Vieira chamou atenção por sair em defesa de Moro e pedir que a Procuradoria-Geral da República investigue o ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas por suposto abuso de autoridade. Dantas é relator do processo no TCU que apura o contrato de Moro com a consultoria Alvarez & Marsal.

Em uma federação, os partidos não podem concorrer entre si nas eleições majoritárias. Novidade na disputa deste ano, o modelo cria uma “fusão temporária” entre as legendas que precisa durar pelo menos quatro anos. A possibilidade foi criada pelo Congresso no ano passado e regulamentada por resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para siglas menores, a federação oferece a chance de escapar da chamada cláusula de barreira, dispositivo que restringe a atuação parlamentar de um partido que não alcançar determinado porcentual de votos.

No retorno do recesso do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá analisar nos próximos dias uma solicitação de prorrogação do prazo para a formalização das federações. O pedido para ampliar o prazo até 5 de agosto foi feito pelo PT, que busca se unir ao PSB e a outros partidos de esquerda. O julgamento está marcado para quarta-feira.

‘Convergência’

Freire deixou claro a preferência por um acordo com tucanos. “Você tem que buscar na federação um partido que tenha maior convergência e identidade com o Cidadania. O Cidadania foi criado como sucessor do PPS numa ideia de renovação, abertura de setores liberais da sociedade junto com a social-democracia. Isso também está no PSDB”, declarou o líder.

“Se eventuais dificuldades internas do Cidadania forem superadas, caminharemos para uma federação de partidos que têm posições em comum e que estiveram juntos em muitos momentos da história recente do País”, disse Araújo, presidente do PSDB. “A união dos partidos está bem encaminhada”, disse o líder tucano no Senado, Izalci Lucas (DF).

Dirigentes estaduais do Cidadania, porém, têm se posicionado publicamente contrários à união. Um congresso do diretório do partido no Pará aprovou, anteontem, moção contra a federação com o PSDB. “Não é do interesse do partido em Minas Gerais. O Cidadania de Minas tem um projeto próprio, está estruturado para disputar a eleição. Uma junção com o PSDB implodiria o partido no Estado, não fica ninguém”, afirmou Xavier.

Entraves

Interesses locais também dificultam um acordo. Na Paraíba, os tucanos querem lançar o deputado federal Pedro Cunha Lima para o governo. Ele faz oposição ao governador João Azevedo, único do Cidadania que ocupa a chefia de um Executivo estadual e que busca a reeleição.

Na pré-campanha de Doria, a prioridade é trabalhar por acordos com o tripé União Brasil, MDB e Cidadania. Ontem, na live do grupo Parlatório, o presidenciável tucano citou, além de Vieira, Moro e os também pré-candidatos Simone Tebet (MDB) e Rodrigo Pacheco (PSD). No caso do MDB, a senadora Simone Tebet (MS) tem recebido apoio de tucanos históricos não alinhados ao governador paulista.

“Teremos que ter competência, discernimento, paciência e humildade para construir essa opção fortalecida”, disse Doria, que se descreveu como um “conciliador”.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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