O medo dele é passar à História como o primeiro presidente brasileiro que não se reelegeu
Ciro Nogueira (PI), chefe da Casa Civil da Presidência da República e presidente do PP, liberou as seções estaduais do seu partido para que apoiem e cedam seus espaços de propaganda eleitoral no rádio e na televisão para os candidatos que preferirem.
Na mesma direção caminha Valdemar Costa Neto, ex-mensaleiro do PT e presidente do PL, partido ao qual Bolsonaro se filiou para ser candidato após ter abandonado o PSL. Em São Paulo, o PL deve apoiar Rodrigo Garcia (PSDB), candidato a governador.
O Republicanos, partido da Igreja Universal do bispo Edir Macedo, dono de cargos no governo, subiu no muro. Poderá ou não apoiar Bolsonaro. Vai depender de ele mostrar se tem de fato condições para derrotar Lula num eventual segundo turno.
Qual dos comandantes militares seria o mais indicado para anunciar que eles baterão continência para o futuro presidente da República, seja ele qual for? Foi o da Aeronáutica que anunciou; logo ele que tem fama de ser o mais bolsonarista dos comandantes.
Na semana passada, Bolsonaro desrespeitou a ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, de depor à Polícia Federal, que o acusa de ter tornado público um inquérito sigiloso. Ontem, em um ato de campanha no Rio, falou que a eleição será “uma guerra”.
Não parou por aí. Escalou Dilma para ministra da Defesa caso Lula se eleja, e José Dirceu para chefe da Casa Civil. Dirceu apressou-se em responder que não voltaria ao governo. Lula tem dito que quer governar com o apoio de um número grande de partidos.
Dentro do primeiro escalão do governo, atribui-se ao desejo de Bolsonaro de manter unidos seus seguidores mais radicais tudo o que ele tem feito de errado desde o início da pandemia. É uma solução cômoda, porque retira dele qualquer culpa.
Por radicais e fanáticos, esses seguidores jamais deixarão de votar em Bolsonaro. Só com a companhia deles, porém, Bolsonaro se arrisca a ser derrotado no primeiro turno. Se não for, perderá no segundo turno por larga margem de votos.
Há dois anos, Bolsonaro era favorito a se reeleger. Não havia pandemia, nem inflação alta, nem pessoas nas ruas com fome. Hoje, é favorito a perder. Se isso acontecer, entrará para a História como o primeiro presidente brasileiro que não se reelegeu.