Lula bate o pé por Haddad em eleição de SP em recado a Boulos e França

By | 03/02/2022 7:48 am

Ex-presidente tem dito a interlocutores que partido tem chance real de conquistar pela primeira vez o Palácio dos Bandeirantes

Em meio a impasses sobre a eleição paulista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem repetido em reuniões privadas que vê pela primeira vez uma chance real de o PT ganhar a disputa pelo Governo de São Paulo, com Fernando Haddad (PT).

A afirmação foi feita por Lula em reuniões nesta semana com petistas e políticos de outros partidos, inclusive de fora do estado.

Em uma dessas ocasiões, segundo relatos, o ex-presidente avaliou que vê o cenário propício para a eleição do PT e elencou algumas razões.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT-SP) em evento em São Bernardo do Campo – Amanda Perobelli-10.mar.21/Reuters

Além de Haddad ter pontuado bem nas últimas pesquisas de intenção de voto, Lula afirmou que a aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) em âmbito nacional impulsionará a candidatura do ex-prefeito de São Paulo.

O petista disse acreditar que o gesto configura um aceno a setores de centro e centro-direita e que isso impactará positivamente a campanha de Haddad. Alckmin, no PSDB, foi governador de São Paulo quatro vezes.

A expectativa no PT é que o ex-governador paulista também trabalhe pela eleição de Haddad, caso ele venha a ser candidato a vice-presidente ao lado de Lula. Quando Haddad fora prefeito, havia uma boa interlocução entre o petista e o ex-tucano, à época governador.

Nesse cenário, Lula ainda tentaria herdar uma parte dos votos que outrora iriam para Alckmin, que se desfiliou do PSDB no final do ano passado.

Outra razão seria a rejeição do governador João Doria (PSDB-SP) no estado, que respingaria no seu vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB-SP), que tentará sucedê-lo no Palácio dos Bandeirantes.

Doria foi eleito prefeito de São Paulo em 2016, em primeiro turno, com forte apoio de Alckmin. Em 2018, após pouco mais de um ano à frente do comando da cidade, candidatou-se a governador para suceder o padrinho político no Palácio dos Bandeirantes.

Alckmin naquele mesmo ano ficou em quarto lugar —pior desempenho de um tucano em disputa presidencial. Desde então, Doria vinha se articulando para ser o candidato do PSDB ao Planalto, escanteando Alckmin. No fim de 2021, venceu as prévias do partido contra Eduardo Leite (PSDB-RS).

Escolhido no PSDB, Doria enfrenta resistência no eleitorado de São Paulo. Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em dezembro do ano passado, ele tem rejeição de 38% dos paulistas e aprovação de 24%.

De acordo com o mesmo levantamento, na corrida pelo Bandeirantes, Geraldo Alckmin teria 28% das intenções de voto, seguido por Haddad, com 19%, França (PSB), com 13%, e Boulos (PSOL), com 10%.

Sem Alckmin na disputa e com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB-SP), que aparece com 6% das intenções de voto, Haddad sobe de 19% para 28% dos entrevistados que declaram o propósito de votar nele.

Já França, ex-vice-governador de Alckmin, cresce de 13% para 19% em um cenário. Boulos passa de 10% para até 18%.

Desde então, o PT já brigou pelo governo algumas vezes, a última delas, em 2018, com Luiz Marinho (PT-SP), que terminou a corrida com 12,66% das intenções de voto.

Lula tenta uma costura em São Paulo para que o PSB abra mão de lançar França, e o PSOL, de lançar Boulos, para unir os candidatos tidos mais à esquerda em uma chapa só.

“O PSB diz que tem o Márcio França. Em algum momento se faz uma avaliação para ver quem tem mais chances. Se for o Márcio França, vamos discutir com ele. Mas eu acho, com toda modéstia, que o PT nunca esteve tão próximo de ganhar o governo do estado, como está agora”, disse Lula em entrevista a sites de esquerda no mês passado.

Depois disso, o ex-presidente voltou a afirmar, em reunião com integrantes de outros partidos nesta semana, que o integrante do PSB seria um bom candidato ao Senado.

França, porém, tem rechaçado essa possibilidade e diz que não abrirá mão de se candidatar ao governo do estado. Na eleição passada, ele disputou o segundo turno com Doria e, na capital, teve mais votos do que o ex-prefeito Doria.

PSB conversa para formar uma federação com o PT. E São Paulo é considerado o estado mais complicado da negociação, representando um impasse na união dos partidos.

Em outra frente, o PT também quer que Boulos abra mão de disputar o governo. Setores do PT defendem que o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) se candidate a deputado federal.

Na terça-feira (1º), Lula se encontrou com Boulos, como mostrou a FolhaNa reunião, porém, os dois não trataram do cenário paulista.

Essa discussão será travada em encontro a ser marcado nas próximas semanas com a presença de integrantes da direção partidária tanto do PT como do PSOL.

Como mostrou reportagem da Folha, petistas avaliam que, além de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, a qual teria chances de vencer, Boulos também deve fazer um acordo para que o PT o apoie na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024 e ter um cargo num eventual governo de Lula.

Em 2020, Boulos ocupou o espaço da esquerda, antes monopolizado pelo PT, e como candidato do PSOL chegou ao segundo turno da eleição, quando foi derrotado por Bruno Covas (PSDB).

Dirigentes do PSOL, hoje, rechaçam a hipótese de retirar Boulos da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, embora admitam conversar com o PT a respeito da eleição paulista.

Nossa opinião

Acho que a intransigência de Lula pode inviabilizar a federação com o PSB e que esta seria importante para a eleição de Lula. E o PSB já fez uma proposta razoável ao PT. Deixaria indefinida a escolha do candidato ao governo de São Paulo até mais próximo das eleições, determinando um prazo para isso e decidiria quem seria o candidato a governador paulista, se  Haddead ou Marco França.   A proposta a nosso ver tem a sua lógica. (GLM)

Comentário

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *