A nova guerra entre esquerda e bolsonaristas: quem ameaça mais a democracia?

By | 04/02/2022 6:33 am

Não é à toa que, após quase 40 anos da redemocratização, os presidentes do Supremo, do TSE e do Senado se sentem obrigados a defender a democracia e as instituições

Engana-se quem considera que o presidente Jair Bolsonaro está morto para as eleições de outubro. Apesar de todos os absurdos, erros e perdas de apoios, o presidente tem o cargo, estrategistas e vai operar cada vez mais o temor do irreal “comunismo” e real da volta do PT e do ex-presidente Lula.

Se o Supremo, setores do Congresso e da opinião pública trabalham com a hipótese de Bolsonaro reagir a la Donald Trump em caso de derrota, grupos bolsonaristas, inclusive da área militar, reagem na mesma moeda: segundo eles, se alguém tem condições de agitar as ruas do País são Lula e esquerda.

No discurso público e nos bastidores, oficiais de Exército, Marinha e Aeronáutica garantem que não participarão de nenhuma “aventura golpista” a favor de Bolsonaro ou de ninguém. E acrescentam: vão respeitar o resultado das urnas, qualquer que seja o novo presidente – ou seja, o novo comandante em chefe das Forças Armadas.

 

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A nova guerra entre esquerda e bolsonaristas: quem ameaça mais a democracia? Foto: Amanda Perobelli/Reuters / Gabriela Biló/ Estadão

Nas conversas ao pé do ouvido, porém, as três forças trabalham com variados cenários e o mais drástico é de convulsão nacional. Isso vale também para o caso de derrota de Lula, não só para a de Bolsonaro.

Nessas análises, as ameaças de Bolsonaro são mais explícitas, mas menos críveis. Para um filho, basta “um cabo e um soldado” para invadir o Supremo, para um então ministro, os ministros da Corte deveriam ser presos, daqui e dali fala-se em “novo AI-5”. E o próprio presidente ameaça descumprir ordem judicial em pleno Sete de Setembro. Só “bravata”?

O problema, para setores militares e bolsonaristas, porém, está na esquerda. Segundo eles, Lula tem liderança, está ressentido depois de preso e conta com MST, sindicalistas e radicais, com capacidade para produzir tumultos de rua, quebra-quebra e ameaças à democracia em caso de derrota.

Atenção: não considero esse risco, mas escrevo porque se trata de informação relevante, para ficar no radar o que setores bolsonaristas pensam e, eventualmente, podem usar para validar algum tipo de “reação à altura”.

Na realidade, foi Bolsonaro quem desde o início do seu governo armou civis, foi complacente com o motim da PM no Ceará e forçou alianças com as polícias. E é ele quem insiste na fake news de que a eleição de 2018 foi fraudada e as urnas eletrônicas não são confiáveis. É ele, enfim, quem replica Trump, capaz de estimular o Capitólio.

Não é à toa que, após quase 40 anos da redemocratização, os presidentes do Supremo, do TSE e do Senado se sentem obrigados a defender a democracia e as instituições. Não há clima nem lideranças capazes de incendiar o País, ganhe quem ganhar, mas a campanha vai ser sangrenta…

*COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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