Dirigentes do PSB avaliam que PT está de ‘salto alto’ na campanha

By | 05/02/2022 5:19 am

Em conversas reservadas, integrantes do partido dizem ser “ilusão” achar que Lula vencerá no 1.º turno e observam que a disputa presidencial será a mais dura desde a redemocratização

Dirigentes do PSB têm feito críticas à  cúpula do PT pelo que chamam de “salto alto” na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em conversas reservadas, a avaliação de uma ala do partido é a de que a disputa de outubro não será um “mar de rosas”, mas, mesmo assim, a folga de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), nas pesquisas de intenção de voto, está levando os petistas a cantar  vitória antes da hora.

Levantamento do Instituto de Pesquisa e Pós Graduação (Ipespe), de 14 de janeiro, aponta que Lula tem 44% das intenções de voto, ante 24% de Bolsonaro — resultado idêntico ao demonstrado na pesquisa de dezembro. Desconsiderando a margem de erro – de 3,2 pontos porcentuais para mais ou para menos –, o ex-presidente tem a soma exata dos adversários na pesquisa estimulada. São eles: Sérgio Moro (9%), Ciro Gomes (7%), João Doria (2%), Simone Tebet (1%), Rodrigo Pacheco (1%) e Luiz Felipe d’Ávila (1%), além de Bolsonaro.

 

Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; dirigentes do PSB têm feito críticas à cúpula do PT pelo que chamam de ‘salto alto’. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Na avaliação de dirigentes do PSB, a “dureza” com que o PT tem tratado o partido nas negociações para a formação de uma federação e nas candidaturas aos governos dos Estados, como São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, é um reflexo da euforia dos petistas. Há pesquisas que indicam que Lula poderia, inclusive, vencer no primeiro turno, o que, na análise do PSB, “é uma ilusão”.

A eleição de outubro, para o comando do PSB, pode ser a mais dura desde a redemocratização. Líderes do partido lembram que adversários do petista, como Bolsonaro e o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, vão calibrar seus discursos com o envolvimento do PT em casos de corrupção, como o mensalão e a Operação Lava Jato, o que pode diminuir a distância de Lula para os outros candidatos. Adicionam a esse caldeirão o fato de Bolsonaro ter a máquina estatal nas mãos e citam as eleições americanas.

Em janeiro do ano passado, seguidores do então presidente Donald Trump, de quem Bolsonaro é admirador declarado, invadiram o Capitólio. Na ocasião, autoridades americanas prenderam mais de 700 pessoas pelo ataque fomentado por Trump e seus aliados com alegações, sem fundamento, de fraude eleitoral.

Aliança

Para a cúpula do PSB, o cenário da corrida ao Planalto só começará a ficar mais claro a partir de abril, com o fechamento da janela partidária e a formação de federações. Este tipo de associação será uma das novidades das disputas de 2022. As federações foram criadas pelo Congresso, em setembro do ano passado, e regulamentadas por uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), publicada em 14 de dezembro, sob a relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte.

Até agora, PT, PSB, PC do B e PV fizeram duas reuniões para discutir como seria a estrutura de uma federação entre os quatro partidos. O Estadão apurou que o PT e o PC do B apresentaram duas propostas de estatuto para a federação. A única que se manteve na mesa foi a dos petistas.

Pela proposta do PT, aceita pelo PC do B, o comando da federação teria 50 cadeiras e seria dividido de forma proporcional ao tamanho dos partidos na Câmara. Hoje, o PT tem 53 deputados federais; o PSB, 30; PC do B, 8 e PV, 4. Na assembleia federativa, os petistas teriam direito a 27 cadeiras, o PSB ficaria com 15 e as outras duas siglas com quatro cada uma.

O PSB não aceitou a proposta, alegando que há um desequilíbrio na distribuição das vagas. Os dirigentes do partido concordam que os petistas tenham direito a mais vagas, mas gostariam de ter ao menos 18 cadeiras.

A direção da federação será a responsável por decisões importantes, como as candidaturas de cada pleito. As regras da associação partidária estabelecem que só pode haver um candidato desse bloco para cada eleição presidencial,  para o governo de cada Estado e, ainda, para as disputas das prefeituras. Caberia à assembleia da federação escolher quem poderia concorrer em cada eleição.

Outro entrave que surgiu na discussão dos quatro partidos foi a eleição municipal de 2024. O PSB propôs que os prefeitos em mandato tenham a prioridade da reeleição. Outros candidatos só poderiam tentar a vaga se aquele que estivesse no cargo desistisse da disputa. Os petistas ficaram de estudar a ideia. Um novo encontro dos dirigentes das siglas está previsto para a próxima quarta-feira, 9. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as federações partidárias deverão ter o registro deferido pela Corte até o dia 2 de abril, seis meses antes das eleições.

Caso a federação não seja fechada pelos partidos, uma saída é formar apenas uma aliança nacional. Este cenário permitiria que cada sigla lançasse seus próprios candidatos nos Estados e facilitaria o diálogo entre o PT e o PSB em São Paulo, onde os petistas querem o ex-prefeito Fernando Haddad na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes e os socialistas estão com o ex-governador Márcio França.

Apesar dos entraves na discussão sobre a federação, o PSB está decidido a apoiar a candidatura do ex-presidente Lula em outubro. O partido tem externado sua preocupação com “métodos autoritários” do governo Bolsonaro e entende que as eleições não serão da esquerda contra a direita, mas da “democracia versus autoritarismo”.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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