Carlos Siqueira disse à Folha que instrumento teria dificuldade de ser aprovado na sigla e é contestado por senador e governador
A declaração do presidente do PSB, Carlos Siqueira, à Folha, de que uma federação com o PT teria dificuldade de ser aprovada no partido nos termos atuais da negociação gerou mal-estar e provocou reações na própria legenda e entre petistas.
Ao Painel, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB-PE), diz que a maior parte do partido apoia a ideia da federação, em sentido contrário à fala de Siqueira.
“Apoio a federação e o governador Flávio Dino (Maranhão) também. Há uma maioria de diretórios estaduais a favor, em torno de 17”, afirma Câmara.
No PT, houve forte incômodo com a declaração de Siqueira. O senador Humberto Costa (PT-PE) afirma que a fala do presidente do PSB desagrega as siglas que trabalham para formar a união, que também é discutida com o PC do B e o PV.
Costa também reclama da cobrança de “reciprocidade” que Siqueira fez com relação ao PT.
“Não cabe a colocação de que não há reciprocidade. Entendemos que o PT fez um gesto muito grande no que diz respeito a Pernambuco [ao abrir mão da candidatura do senador para apoiar o candidato do PSB]. Eu estava em primeiro lugar nas pesquisas”, avalia.
O senador avalia que isso deve ser levado em consideração na negociação sobre outros estados. Diz ainda que os estados onde o PSB apoiará candidatos a governador do PT —Bahia, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte— são locais em que os pessebistas não teriam candidatura própria.
“Não podemos aceitar essa forma pouco respeitosa com que tem sido tratada a demanda do PT em São Paulo. Respeitamos a demanda do PSB, mas quem tem condição de ganhar a eleição no nosso campo é o [Fernando] Haddad (PT-SP)”, continua Costa.
O parlamentar ainda reclama do fato de Siqueira ter dito que é “provável” que o PSB vai apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e não ser categórico de que se aliará ao petista.
“Isso é uma coisa que tinha que estar declarada. [Se não for possível ter o apoio], nós podemos rediscutir os acordos [nos estados], o que a gente já abriu mão.”