Realismo partidário

By | 07/02/2022 7:12 am

Federação mantém vetor de aglutinação de siglas e deve ajudar a governabilidade

Praça dos Três Poderes, em Brasília, vista do Supremo Tribunal Federal – Alan Marques – 11.abr.05/Folhapress

Cresça ou desapareça. Eis o sentido da reforma política aprovada em 2017, que proibiu coligações para eleições legislativas e fixou cláusulas de desempenho para os partidos acessarem a propaganda no rádio e na TV e os fundos públicos, sem os quais tendem a virar pó.

Foi vencida em setembro de 2021 a última batalha no Congresso contra quem tentava aniquilar parte das mudanças —o veto a coligações estreia em eleições nacionais no pleito de outubro. Restou dessa rodada de deliberações legislativas, no entanto, a inovação que faculta às siglas a formação das chamadas federações partidárias.

Esse tipo de associação produz todos os efeitos práticos de uma fusão entre duas ou mais agremiações, com a diferença de que tem quatro anos de validade. Depois desse prazo, os partidos podem voltar a atomizar-se caso desejem.

Nas Assembleias estaduais e no Congresso Nacional, a federação também se obriga a atuar como uma única agremiação, sob liderança comum, durante a legislatura.

Para siglas ameaçadas pela cláusula de desempenho —que no ano que vem punirá as que não obtiverem 2% dos votos nacionais para a Câmara ou não elegerem 11 deputados federais, com mínima distribuição regional—, a federação passa a ser um recurso de sobrevivência.

Se respeitadas, as regras são engenhosas o suficiente para não deixarem de estimular a redução na prática do número absurdo de partidos nas casas legislativas, anomalia brasileira que impõe um ônus não trivial à governabilidade.

Uma série de negociações para a formação de federações, atravessando todo o espectro ideológico, está em curso. O Tribunal Superior Eleitoral determinou que 1º de março próximo é o limite para receber os pedidos de associações partidárias para o pleito de 2022.

A dificuldade nas costuras regionais para a consecução dessas federações evidencia que o novo sistema impõe um custo relevante para a lógica oligárquica e cartorial que tem prevalecido até aqui. Por outro lado, para algumas legendas será arcar com essa conta ou flertar com o risco de sumir do mapa.

Esse vetor de aglutinação partidária, se for confirmado, vai ajudar quem for eleito presidente da República a implementar com menos dissipação de energia o seu programa de governo, desde que o mandatário queira e saiba distribuir poder para formar a sua aliança de apoios no Congresso Nacional.

 

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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