PECs endossadas por Bolsonaro podem provocar rombo de R$ 100 bilhões

By | 08/02/2022 7:31 am

Propostas de redução de tributos que incidem sobre combustíveis e de outros impostos podem provocar rombo superior a R$ 100 bilhões nas contas públicas, segundo técnicos do governo

 

 (crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)
(crédito: Edu Andrade/Ascom/ME)

O clima no Ministério da Economia está cada vez mais tenso. O ministro Paulo Guedes já pediu ao presidente Jair Bolsonaro (PL), sem muito sucesso, que não endosse duas propostas de Emenda à Constituição (PEC) a respeito de combustíveis em discussão na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, apresentadas na semana passada. Além de Bolsonaro, a Advocacia-Geral da União foi alertada sobre os riscos fiscais das duas PECs, que são chamadas de “kamikazes” por analistas e pela equipe econômica.

A PEC 1/22 tem como co-autores vários senadores da base governista. A matéria autoriza União, estados e municípios a reduzirem os impostos sobre o diesel, gás e energia elétrica, bem como outros tributos. Além disso, altera o teto de gastos e concede auxílio diesel de até R$ 1,2 mil a caminhoneiros autônomos, subsídio de 100% ao gás de cozinha para famílias de baixa renda e subsídios para o transporte coletivo. E ainda prevê a criação de um fundo de compensação de preços, medida que mais preocupa o ministro Paulo Guedes.

Na Câmara, outra PEC, do deputado Christino Áureo (PP-RJ), que tem o selo da Casa Civil, também prevê redução dos impostos sobre combustíveis e autoriza estados e municípios a fazerem o mesmo. Áureo ainda não conseguiu o mínimo de 171 assinaturas. As estimativas de impacto da medida variam de R$ 54 bilhões a R$ 70 bilhões.

De acordo com o economista e consultor Murilo Viana, é preciso considerar que a proposta tem um dispositivo que prevê redução de outros tributos, como Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que não incidem sobre os combustíveis e, com isso, o impacto fiscal pode chegar a R$ 100 bilhões. “As duas PECs são kamikazes e ameaçam as regras fiscais. O grau de incerteza é muito grande e qualquer analista está fazendo cálculos no escuro. Ninguém sabe o tamanho exato do buraco, mas ele não é pequeno. Isso mostra o clima de improviso em pleno ano eleitoral”, lamentou.

Na avaliação da economista e professora do Insper Juliana Inhasz , a confusão é mais uma evidência de que a ala política está dando as cartas no governo. “As PECs devem gerar problemas econômicos bem sérios. Depois da PEC dos Precatórios, a porteira da irresponsabilidade fiscal está aberta e vai deixar uma herança maldita gigantesca para os cofres públicos”, lamentou, lembrando que as medidas aumentam despesas da União sem prever compensações.

Enquanto isso, o mantra da equipe de Paulo Guedes é pedir o apoio para o Projeto de Lei Complementar (PLP) 11/2020, que estabelece valores fixos pata a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis. Aprovada na Câmara em outubro de 2021, a medida ainda precisa ser apreciada pelo Senado e tem resistência dos governadores. (Colaboraram Michelle Portela e Taísa Medeiros)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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