Caminho estreito
Até aqui, as pesquisas indicam que nenhum desses pretendentes reuniu apoio suficiente para tirar o atual ou o ex-presidente do jogo antes do segundo turno —e o desconforto cresce enquanto os números nas sondagens mudam pouco.
Lançado como candidato do PSDB em novembro, quando venceu uma tumultuada prévia interna, o governador João Doria alcançou no máximo 4% das intenções de voto desde que pisou em campo.
O ex-juiz Sergio Moro (Podemos), que também entrou na pista no fim de 2021, aparece nas pesquisas empatado com Ciro Gomes (PDT), cada um com no máximo 9% das preferências. Ambos continuam longe de representar ameaça a Lula ou Bolsonaro.
Duas máquinas políticas expressivas, o MDB, que lançou a senadora Simone Tebet (MS) como opção, e a União Brasil, resultado da recém-consumada fusão do PSL com o DEM, ainda não definiram o rumo a tomar na sucessão.
De acordo com os levantamentos mais recentes, os eleitores que veem nesses nomes uma alternativa eleitoral demonstram pouca convicção. A maioria afirma que poderá trocar de camisa se outro personagem com maior apelo surgir.
A situação é diametralmente oposta para os que estão na frente da corrida. A maioria dos apoiadores de Lula e Bolsonaro diz que sua opção é definitiva e não pensa em mudar de opinião.
A nove meses da eleição, é obviamente prematuro concluir que o quadro se manterá inalterado até o encontro do país com as urnas. Mas o momento é sem dúvida inóspito para a chamada terceira via.
Com mais de 45% das intenções de voto, Lula tem aproveitado a vantagem para ampliar o espectro de suas alianças. Ofereceu a vaga de vice ao ex-governador Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB e está sem partido, e estendeu a mão para siglas partidárias que estão à sua direita, como o PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab.
Os resultados dessas articulações ainda são incertos, e elas certamente alimentarão tensões com os seguidores de Lula à esquerda se prosperarem. O efeito mais imediato da movimentação, entretanto, será tirar oxigênio dos que acreditavam corresponder aos anseios do eleitorado que busca outro caminho, mais ao centro.