PF vê ‘atuação orquestrada’ de milícias digitais para promover ataques e fake news usando estrutura do ‘gabinete do ódio’ (com comentário)

By | 11/02/2022 7:23 am

Relatório parcial da investigação diz que organização criminosa investigada atua para promover desinformação e ataques com objetivo de ‘obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros diretos ou indiretos’

A Polícia Federal enviou nesta quinta-feira, 10, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório parcial do inquérito das milícias digitais, que investiga aliados e apoiadores do governo, além do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), por ataques antidemocráticos e notícias falsas.

A delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro diz que os elementos colhidos até o momento corroboram a hipótese de uma ‘atuação orquestrada’ para promover desinformação e ataques contra adversários e instituições com objetivo de ‘obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros diretos ou indiretos por canais diversos’.

“Para além de uma relação de causa e consequência e de suas repercussões criminais, o que distingue as condutas sob apuração da mera manifestação de opinião é o nítido propósito de manipular a audiência distorcendo dados, levando o público a erro e induzindo-o a aceitar como verdade aquilo que não possui lastro na realidade. Reforça essa afirmação a existência de informações indicadoras do uso de contas inautênticas automatizadas em massa (robots) para potencializar o alcance das mensagens difundidas”, diz um trecho do documento.

O modus operandi, segundo as conclusões parciais da PF, aponta para o uso da estrutura do chamado ‘gabinete do ódio‘.

Um dos exemplos citados no relatório é a campanha capitaneada pela militância bolsonarista em nome do tratamento precoce com medicamentos ineficazes contra a covid-19, como cloroquina e hidroxicloroquina, para tratar pacientes diagnosticados com a doença. A delegada também menciona a elaboração de dossiês contra antagonistas e dissidentes, ‘inclusive com insinuação de utilização da estrutura de Estado para atuar investigando todos’.

Na avaliação da delegada, novas diligências são necessárias para concluir a investigação. Até o momento, a PF identificou que a organização criminosa investigada age em quatro etapas: 1) eleição dos alvos; 2) preparação do conteúdo, separação de tarefas e definição dos canais usados para ‘promover a amplificação do discurso’; 3) publicação simultânea de postagens com ‘conteúdo ofensivo, inverídico e/ou deturpado’; 4) reverberação do conteúdo por meio da ‘multiplicação cruzada das postagens por novas retransmissões’.

Aberta em julho do ano passado, a investigação das milícias digitais nasceu derivada de outra frente de apuração contra aliados e apoiadores bolsonaristas: o inquérito dos atos antidemocráticos. Na ocasião, o caso precisou ser arquivado por determinação da Procuradoria-Geral da República (PGR). Antes de encerrá-lo, porém, o ministro Alexandre de Moraes, na condição de relator, autorizou o intercâmbio de provas e mandou rastrear o que chamou de ‘organização criminosa’.

Nossa opinião
A afirmação acima não é de adversários políticos. Foi feita pela própria Policia Federal, com base em investigações sérias. E apenas confirma os que todas as pessoas bem informadas do país já sabiam há muito tempo. Quem frequenta as redes sociais verifica a cada dia a enxurrada de “fakes news” e informações maldosas divulgadas contra pessoas e instituições que incomodam os interesses de Bolsonaro, seus filhos e seus apaniguados. E todos percebem quais são os veículos a serviço do Gabinete do Ódio e lideranças ligadas ao mundo bolsonarista que se encarregam de divulgar estas informações perniciosas. Tanto no campo político, como no negacionismo referente à pandemia. Veículos bolsonaristas, internautas bolsonaristas são manjados por todos os internautas com um mínimo de esperteza. (LGLM)

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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