(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado)
Constrangedor o episódio por que passou esta semana, em Patos, o ex-governador Ricardo Coutinho. Personagem importante da política paraibana, ainda com grande protagonismo, mesmo diante das agruras por que passa, com inúmeros processos, ou até por isso mesmo, fora convidado por colegas de emissora co-irmã para uma entrevista. Seria “ibope” certo, tanto por se tratar de Ricardo Coutinho, como por ser entrevistado por dois dos melhores jornalistas locais.
Na hora em que compareceu à emissora Ricardo foi impedido de conceder a entrevista por determinação da direção da empresa, vinda da capital do Estado. Esta é a informação divulgada em várias mídias locais.
Ricardo reagiu ao episódio divulgando um vídeo contando o que aconteceu e reclamando do constrangimento por que passou.
E o que poderiam fazer os colegas jornalistas pelo constrangimento que passaram, profissionais competentes e equilibrados que são?
Há quase sessenta anos, no ar, sempre na velha e querida Rádio Espinharas, nunca passamos por episódios semelhantes de censura aos nossos programas, mesmo quando divergíamos das posições políticas da emissora.
Eu sempre recordo dos saudosos, Dom Expedito e Dom Gerardo, dirigentes máximos da emissora, por episódios que vivemos na sua época Dom Expedido, em plena ditadura militar, nunca nos censura pelas críticas que fazíamos ao regime militar, apesar de alguns padres, chamarem sua atenção para comentários feitos por nós.
Dom Gerardo, anti-petista ferrenho, critico dos governos Lula, nos confrontava, sempre que nos encontrávamos, pelas nossas posições favoráveis ao partido, mas nunca fez qualquer restrição à nossa militância ou censura aos meus programas. E assim têm agido Dom Manoel e Dom Eraldo, bem como seus prepostos na diretoria e gerência.
Desconheço qualquer episódio de censura exercido contra qualquer colega, principalmente em assuntos políticos. E tivemos ao longo dos sessenta anos de controle da diocese à Rádio Espinharas colegas militantes dos vários partidos politicos, inclusive com mandato, como Virgílio Trindade, Nestor Gondim, José Augusto e Orlando Xavier.
Este respeito da emissora aos seus funcionários e colaboradores tem sido a garantia da credibilidade de que a Espinharas goza ao longo destes sessenta anos.
Só para finalizar eu recordo aqui um episódio que testemunhei durante a minha passagem pela Coordecom. Um colega jornalista, com programa em determinada emissora, vez por outra, me alertava. “A partir de hoje, a ordem é “meter o pau”, pois a prefeitura atrasou o pagamento do contrato da Prefeitura”. E eu nada podia fazer, pois a programação financeira era feita pela secretaria de Finanças, apenas adverti-los da situação.
Daqui a minha solidariedade aos colegas afrontados pela direção da emissora co-irmã e desautorizados no exercício profissional. A emissora não sabe o prejuízo que teve no seu conceito.