Foi um erro apoiar Bolsonaro, diz líder caminhoneiro Chorão

By | 11/03/2022 9:16 am

Categoria, no entanto, não planeja greve como a de 2018, dizem lideranças

Luiz Antonio Cintra,

Um dos principais líderes da greve dos caminhoneiros de 2018, Wallace Landim, o Chorão, se diz arrependido de ter apoiado o presidente Jair Bolsonaro (PL), após a Petrobras ter anunciado um mega-aumento no preço da gasolina, do gás de cozinha e, principalmente, do diesel.

“Apoiei o Bolsonaro, fiz campanha para ele, e de graça. Recebi a comenda do mérito de Mauá, o maior mérito do transporte que existe no Brasil, pelos serviços prestados ao transporte. E, com toda sinceridade, não trabalho mais para ele, não voto nele. Tudo o que prometeu para nós, ele não cumpriu”, diz Landim.

Ele considera, porém, que não será necessário chamar uma paralisação no momento, já que o país parará “automaticamente”, frente à inviabilização das atividades de transporte.

Como Chorão, consideram que se trata de um problema de toda a sociedade e, portanto, pretendem participar e angariar interessados para manifestações da sociedade civil contra a política de preço dos combustíveis do governo Bolsonaro.

Homem de barba, terno escuro marinho e gravata com listras diagonais fala ao microfone
O caminhoneiro Wallace Landim, conhecido como Chorão, representante dos caminhoneiros, fala na Câmara dos Deputados sobre paralisação da categoria – Pedro Ladeira – 29.mai.2018/Folhapress

“Não iremos nos manifestar como caminhoneiros, mas como brasileiros, já que esse problema afeta a todos nós”, diz Stringasci, da ANTB, que pretende realizar nesta sexta uma reunião em São Paulo para discutir o que fazer daqui para frente.

Para Dahmer, da CNTTL, o problema afeta todos no país. “É um crime contra o povo brasileiro. Avançou do horrível para o aterrorizante, não tem situação pior do que esta, com a política que veio do governo Temer, de paridade em relação às cotações da moeda norte-americana. E que visa apenas dar lucro aos acionistas”, afirma Dahmer, cuja associação reúne cerca de 800 mil trabalhadores de transportadoras e autônomos em todo o país.

Para o representante da CNTTL, cerca de 70% da categoria dos caminhoneiros autônomos votaram em Bolsonaro –ainda que ele afirme não ser este o seu caso. “Mas agora caiu muito, ainda que cerca de 30% ainda estejam decididos a votar novamente neste ano”, afirma Dahmer.

Landim, hoje presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), considera que Bolsonaro indicou àquela altura que pretendia mexer com a chamada política de paridade de preços internacionais, que transmite quase automaticamente para as bombas de combustíveis a alta do petróleo no mercado internacional.

“Bolsonaro tinha uma narrativa de que iria fazer alguma coisa pelo preço do combustível. Quando fizemos a paralisação, logo em seguida saiu um vídeo dele apoiando aquele ato, dizendo que se ele fosse presidente, iria realmente mexer. Colocou o Castello Branco (na presidência da Petrobras) com essa narrativa. Colocou o Luna (general Joaquim Silva e Luna, atual presidente da estatal) com essa narrativa. E melhorou? Piorou”, afirma Landim.

Para o líder caminhoneiro, foi um erro apoiar o candidato Bolsonaro. “Não deveria ter apoiado em 2018, mas tivemos uma postura para trazer uma mudança para o país, com uma arma muito importante neste momento que são as redes sociais”, diz o ex-caminhoneiro, hoje dedicado a representar a categoria.

“Todos estão sofrendo, não só os caminhoneiros. A população não está conseguindo comer, não consegue comprar o gás de cozinha, que já vale mais de 10% do salário mínimo”, diz Landim.

Como alternativas, Landim apoia a criação de um fundo para estabilizar os preços dos combustíveis, pondo fim à atual política de preços. E a contratação direta dos caminhoneiros, que serviria, segundo ele, para tirar os “atravessadores” (transportadoras e embarcadoras), melhorando a margem dos caminhoneiros.

No primeiro caso, no entanto, viu a pauta enfrentar a oposição do ministro Paulo Guedes (Economia). E, no segundo, o que considera a inação do ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura).

Landim diz ser positiva a PEC (Projeto de Emenda Constitucional) dos Combustíveis, que reduz a cobrança de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), ainda que a considere um remendo, não uma solução definitiva.

“Temos um governo hoje que fica transferindo a responsabilidade. Como foi feito na PEC (Projeto de Emenda Constitucional) dos Combustíveis, ia ser votada ontem, mas foi tirada da pauta. Diz que vai entrar hoje, mas de qualquer forma é um paliativo. No texto (da PEC) diz que reduziria em 30%, mas só hoje teve um aumento de 25%. Não resolve a situação, e estamos desesperados.”, afirma.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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