Choque na bomba

By | 12/03/2022 7:40 am

Encarecimento dos combustíveis não pode ser enfrentado com controle de preços

0
Fila em posto de combustíveis em Brasília – Pedro Ladeira/Folhapress

 

Os novos e expressivos reajustes de preços da Petrobras, que compensam apenas parte da defasagem ante as cotações internacionais, deram impulso a medidas compensatórias que já estavam em debate no Congresso e no Executivo.

Os aumentos de 25% para o óleo diesel, 16% para a gasolina e 9% para o GLP são corretos e necessários para preservar a política da empresa e evitar artificialismos populistas —muito mais custosos para a economia a longo prazo.

Como o mundo político já deveria ter aprendido com os muitos erros do passado, o represamento de tarifas públicas pode até agradar de imediato ao eleitorado, mas com o tempo provoca desequilíbrios crescentes nas finanças públicas e nos mercados. A conta é cobrada depois, com juros e correção.

É inegável, de todo modo, que os reajustes provocarão danos sociais e econômicos, concentrados, como de costume, na população mais pobre. Haverá aumento da inflação, que precisará ser combatido com juros do Banco Central. Mais juros levam a menos crédito, investimento e emprego.

O risco em tal cenário, sobretudo em ano eleitoral, é que se adotem medidas apressadas e enganosamente fáceis para enfrentar o problema —como a imposição de preços artificialmente baixos.

Podem-se considerar, porém, medidas de caráter temporário que tirem partido dos ganhos extraordinários de arrecadação produzidos pela alta dos combustíveis.

No Congresso, avançaram dois projetos. O primeiro, que segue para sanção presidencial, abre espaço para redução de tributos sobre os combustíveis, com renúncia fiscal estimada em R$ 19 bilhões para a União e R$ 16 bilhões para os governos estaduais.

O outro texto, aprovado pelo Senado, traz dispositivos temerários, como a possibilidade de interferência na Petrobras e a criação de um fundo de estabilização de preços com recursos públicos.

Além dessas iniciativas, está em debate algum benefício social temporário, provavelmente custeado por dividendos pagos pela Petrobras ao Tesouro e por parte dos royalties do pré-sal. Em tal hipótese, seria crucial assegurar que o subsídio tenha prazo limitado à duração das excepcionalidades da guerra e foco na população carente.

O que não se pode permitir é que a crise sirva de pretexto para uma nova rodada de gastos públicos e benesses indiscriminadas, a prolongar o longo ciclo de quase estagnação da economia brasileira.

editoriais@grupofolha.com.br

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *