Caso Eduardo Leite permaneça no PSDB, é bom João Doria pôr suas barbas de molho. Dirigentes tucanos e aliados já estão dispostos a pedir que desista da candidatura
Na semana em que se intensifica o troca-troca de partidos políticos, em razão da montagem de chapas majoritárias e proporcionais, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, deve definir o rumo que pretende tomar: primeiro, se permanece no cargo ou se desincompatibiliza; segundo, se troca o PSDB pelo PSD, ou não. São decisões difíceis e muito estratégicas, que envolvem alianças políticas locais e nacionais e o alcance de suas ambições políticas.
Dependendo do que decidir, será um fato político novo num cenário eleitoral polarizado, que está se cristalizando, entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de opinião, e o presidente Jair Bolsonaro, que concorre à reeleição com a vantagem estratégica de permanecer no cargo.
Ficar ou sair, eis a questão
Na sexta-feira, Eduardo Leite foi novamente assediado pelo presidente do PSD, o ex-prefeito Gilberto Kassab, para se filiar ao partido. Dessa vez, teve todas as garantias de que terá legenda e recursos para sua campanha. Resolvida a desincompatibilização, essa é a segunda decisão estratégica. Se optar pelo PSD de Kassab, cria um fato novo no cenário político, viabiliza mais sua candidatura sem depender da conspiração para remover João Doria, que o derrotou nas prévias do PSDB.
Nesse caso, sua prioridade, agora, seria atrair o União Brasil, o que lhe garantiria ainda mais capilaridade. O segundo movimento seria atrair o MDB, convencendo Simone Tebet (MS) a aceitar ser vice na chapa. Ela é a noiva dos sonhos de todos os candidatos da terceira via, mas já disse que não pretende renunciar à candidatura para ser vice de outro candidato.
Resta o cenário mais difícil e, ao mesmo tempo, mais instigante: permanecer no PSDB e aguardar em Pelotas o desfecho da conspiração tucana para remover a candidatura de João Doria. Hoje, deve ser efetivada a federação do PSDB com o Cidadania. Apesar de vitoriosa nas prévias, a candidatura de Doria precisa ser homologada pela convenção.
A cúpula da federação é majoritariamente tucana, mas a correlação de forças pode se alterar em favor de Leite, em razão da divisão do PSDB e dos representantes do Cidadania, que serão uma espécie de fiel da balança. Caso Eduardo Leite permaneça no PSDB, é bom João Doria pôr suas barbas de molho. Cidadania, MDB e União Brasil estão dispostos a pedir que Doria desista em favor de Eduardo Leite.