(Uma por dia… Misael Nóbrega de Sousa, 30-06-2022)
Neste país não se vota no projeto político, por corrente ideológica… Por isso não há cobrança, porq ue não podemos cobrar o que não conhecemos. Se vota pelo rito obrigatório de “perder o prestígio” ao transferir para alguém a força que o povo é que tem.
Neste país se vota por paixão ao candidato… Que é filho e neto de um ex-político e que segue a tradição da família rica.
“Que país é este?…
“Pronto. Votei. ‘me represente’ e faça a sua vontade. Não ligo. Não me importo. Desde que não me oprima, pode ser o herói de sua própria sina”. E essa falta de indignação me incomoda.
O político pode ter sido flagrado desviando dinheiro, cobrando propina de empreiteiras, fazendo rachadinhas… Ele pode ser preso, condenado, que mesmo assim continua sendo o “nosso” candidato… – não carecemos da ética do político, mas da moral da política.
E a resposta a esse conflito só depende de nós.
Mas, por que saímos em defesa da honra dessas pessoas? Por que perdemos o nosso tempo defendendo o indefensável se eles próprios não o fazem? Se fossem sérios não desvirtuariam a forma de fazer política – que tem o povo como objetivo único, em favor dos interesses próprios…
Ninguém faz a conta: quanto o candidato declara na campanha versus quanto ele recebe pelo mandato quando eleito. Não fecha: o que “investe” é muito maior que a soma dos subsídios oficiais (ou o por fora cobre o investimento ou quem paga a campanha não é ele… Ou as duas coisas).
Porém, há quem acredite que o político brasileiro é preocupado em se perpetuar na política, antes de ser por dinheiro… Pelo poder. Mas, o poder não emana do povo?
Engraçado (e preocupante) como o povo tem o estranho hábito de se rebaixar aos políticos: “obrigado dr. Fulano pela obra que o senhor trouxe aqui pra minha cidade”. Adoro o meme: “obrigado prefeito fulano de tal pela chuva que ‘tá’ nos abençoando esta noite”.
Tem uma nova eleição, vindo por aí… E os critérios de voto são tão estranhos que se vota até por protesto. “pior do que ‘tá’ não fica vote em Tiririca”. Político, gente… É peça descartável, a política não.
“Não tenho político de estimação”. Tenho predileções, simpatia, tendência… Convicções históricas e exemplos vários. Votar no que acredito (e não em quem acredito) não tem preço. O meu lado é o de dentro, e ele me move para a defesa das classes trabalhadoras oprimidas, das minorias miseravelmente desprezadas, da falta de oportunidades de emprego, moradia e comida na mesa.
Votar não é nada simples. Votar é ser responsável pelo futuro de todos.