Por amor de Deus, não acabem com os autênticos festejos juninos!

By | 06/07/2022 8:01 am

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM)

Está terminando o que antigamente chamávamos de período de festas juninas. Caruaru, Campina Grande, Patos, Santa Luzia, São Mamede, Itaporanga, Mãe Dágua homenageavam São João e São Pedro, ao mesmo tempo que divulgavam a legítima música nordestina eternizada por Luiz Gonzaga, Marinês, Sivuca, Dominguinhos, Pinto do Acordeon e os mais jovens como Elba Ramalho, Flávio José, Santanna, Amazan e inúmeros outros.

No período junino se homenageava os santos e dava oportunidade a que nossos artistas, famosos e nem tanto, divulgassem a música que divulgava o Nordeste e a sua cultura, incentivados pelos governos federais, estaduais e, principalmente municipais.

Com isso ganhava a nossa cultura e ao mesmo tempo as economias locais, com o dinheiro que circulava nos municípios, gerados pelo grande afluxo de turistas.

Mas a ganância falou mais alto. Hoje se usa o período junino para que alguns ganhem dinheiro a rodo, enquanto a verdadeira música nordestina está sendo esquecida. É escandaloso ver o que ganham alguns poucos artistas de músicas de gosto duvidoso, com valores que, com o que se paga a um Safadão, se faria uma festa com músicos da autêntica música nordestina. Com oitocentos mil reais, por exemplo, dava para contratar Elba Ramalho, Flávio José, Santanna, Amazan, Três do Nordeste, Ton Oliveira e um monte de forrozeiros locais.

Alegam que a juventude exige os artistas da moda, mas esquecem que os órgãos públicos deveriam investir para manter a nossa cultura e, simplesmente, estão matando o que nós temos de mais legítimo que é o baião e forró pé-de-serra que fizeram o Nordeste ser conhecido e valorizado.

Por que contratar um Safadão e outros que tais e não contratar um bom artista nordestino? Por que os empresários e intermediários ganham mais dinheiro quando uma prefeitura contrata um artista famoso. E a contratação de um artista nordestino só geraria uma “merreca” de comissão e propina. A privatização dos eventos juninos provocou isso. Hoje quem manda nas festas são os empresários licitados para fazê-las e que só querem ganhar dinheiro.

Se quiserem ver como estão acabando com a nossa legítima música, observem a programação das ditas festas juninas em Caruaru, em Campina Grande, em Patos, em São Mamede e aí por diante. Não resta praticamente um São João ou São Pedro legítimo.

Se é para ganharem dinheiro ou beneficiar as economias locais, por que não fazem um festival de música brega, sertaneja ou outras assemelhadas durante as festas de emancipação dos municípios e não fazem um São João ou São Pedro autêntico no período junino, Patos faria um São João verdadeiro em junho e um festival de qualquer coisa na semana que antecede o 24 de outubro. Seriam duas oportunidades de atrair turistas e a economia local ganhar dinheiro. E a ideia vale para todos os municípios que fazem hoje as festas juninas que de juninas não têm quase nada.

Por amor de Deus, não acabem com a legítima música nordestina. Preservem o São João e o São Pedro e salvem o que realmente é nosso, a nossa música, o baião, o xote, o xaxado, o legítimo forró pé-de-serra.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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