(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM)
Está terminando o que antigamente chamávamos de período de festas juninas. Caruaru, Campina Grande, Patos, Santa Luzia, São Mamede, Itaporanga, Mãe Dágua homenageavam São João e São Pedro, ao mesmo tempo que divulgavam a legítima música nordestina eternizada por Luiz Gonzaga, Marinês, Sivuca, Dominguinhos, Pinto do Acordeon e os mais jovens como Elba Ramalho, Flávio José, Santanna, Amazan e inúmeros outros.
No período junino se homenageava os santos e dava oportunidade a que nossos artistas, famosos e nem tanto, divulgassem a música que divulgava o Nordeste e a sua cultura, incentivados pelos governos federais, estaduais e, principalmente municipais.
Com isso ganhava a nossa cultura e ao mesmo tempo as economias locais, com o dinheiro que circulava nos municípios, gerados pelo grande afluxo de turistas.
Mas a ganância falou mais alto. Hoje se usa o período junino para que alguns ganhem dinheiro a rodo, enquanto a verdadeira música nordestina está sendo esquecida. É escandaloso ver o que ganham alguns poucos artistas de músicas de gosto duvidoso, com valores que, com o que se paga a um Safadão, se faria uma festa com músicos da autêntica música nordestina. Com oitocentos mil reais, por exemplo, dava para contratar Elba Ramalho, Flávio José, Santanna, Amazan, Três do Nordeste, Ton Oliveira e um monte de forrozeiros locais.
Alegam que a juventude exige os artistas da moda, mas esquecem que os órgãos públicos deveriam investir para manter a nossa cultura e, simplesmente, estão matando o que nós temos de mais legítimo que é o baião e forró pé-de-serra que fizeram o Nordeste ser conhecido e valorizado.
Por que contratar um Safadão e outros que tais e não contratar um bom artista nordestino? Por que os empresários e intermediários ganham mais dinheiro quando uma prefeitura contrata um artista famoso. E a contratação de um artista nordestino só geraria uma “merreca” de comissão e propina. A privatização dos eventos juninos provocou isso. Hoje quem manda nas festas são os empresários licitados para fazê-las e que só querem ganhar dinheiro.
Se quiserem ver como estão acabando com a nossa legítima música, observem a programação das ditas festas juninas em Caruaru, em Campina Grande, em Patos, em São Mamede e aí por diante. Não resta praticamente um São João ou São Pedro legítimo.
Se é para ganharem dinheiro ou beneficiar as economias locais, por que não fazem um festival de música brega, sertaneja ou outras assemelhadas durante as festas de emancipação dos municípios e não fazem um São João ou São Pedro autêntico no período junino, Patos faria um São João verdadeiro em junho e um festival de qualquer coisa na semana que antecede o 24 de outubro. Seriam duas oportunidades de atrair turistas e a economia local ganhar dinheiro. E a ideia vale para todos os municípios que fazem hoje as festas juninas que de juninas não têm quase nada.
Por amor de Deus, não acabem com a legítima música nordestina. Preservem o São João e o São Pedro e salvem o que realmente é nosso, a nossa música, o baião, o xote, o xaxado, o legítimo forró pé-de-serra.