Brasil colhe o que Bolsonaro plantou: ódio, adoração às armas, convocação ao golpe

By | 12/07/2022 6:36 am

Bolsonarista mata o petista no sábado e Eduardo Bolsonaro, no domingo, festeja seus 38 anos com um bolo que diz tudo: um revólver ‘tresoitão’

(Coluna de Eliane Cantanhêde, Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta, nO Estadão, 12/07/2022)

Como dito aqui no domingo, essas coisas não são coincidência, têm relação direta de causa e efeito. No próprio sábado do assassinato, enquanto Arruda, casado, quatro filhos, preparava a sua festinha em Foz Iguaçu, o 03 participava da marcha “ProArmas, pela Liberdade”, a partir da Catedral de Brasília. O que armas que matam têm a ver com liberdade e com Deus?!

O País colhe o que Bolsonaro plantou.
O País colhe o que Bolsonaro plantou. Foto: Gabriela Biló/Estadão

A pergunta do papai Jair Bolsonaro, presidente da República, porém, é outra: “O que eu tenho a ver com o episódio?” Referia-se ao assassinato a tiros do petista Arruda, que reduziu a uma “briga de duas pessoas”. Ele e seus seguidores reclamam de quem chama o assassino de “bolsonarista”. Por que será? Só porque o assassino faz campanha para Bolsonaro e entrou na festa armado e gritando que “aqui é Bolsonaro”? Só porque a vítima era petista e a festa tinha motivos do PT e do ex-presidente Lula?

Há muito petista metido a machão e adepto da violência, mas é evidente que, neste caso, a responsabilidade é de Bolsonaro, pelo discurso de ódio, pela louvação às armas e por atiçar milicianos – como Guaranho, agente penitenciário –, a partir para o ataque.

Objetivamente, o presidente, que tem vários projetos para liberar geral o uso e a posse de armas, desautorizou pela internet três portarias do Exército para monitorar o armamento de civis. Assim, o número de armas se multiplicou e as Forças Armadas perderam o controle sobre elas.

Subjetivamente, Bolsonaro faz apologia de revólveres e fuzis, usa crianças para fazer “arminha” com as mãos, prestigia propagandistas de armas e, na live da quinta-feira antes do assassinato de Marcelo, convocou: “Você sabe o que está em jogo, sabe como deve se preparar”. E frisou: “Antes da eleição”.

No ambiente jurídico, o clima é de pavor. No político, há uma divisão: os bolsonaristas insistem que é “cedo” para conclusões e aderem à tese de “uma briga de duas pessoas”, um crime passional, por dinheiro ou por motivos “mundanos”.

A realidade, porém, está documentada e tem testemunhas: o bolsonarista foi à festa sem ser convidado, aos gritos contra Lula e o PT, e avisou que voltaria para acabar com “a raça” dos petistas. Voltou e matou Marcelo. A motivação, as circunstâncias, as falas e a loucura ideológica são tão gritantes que não há o que discutir. O País colhe o que Bolsonaro plantou.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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