Missão cumprida

By | 12/07/2022 7:41 am

Ao mandar “fuzilar a petralhada”, Bolsonaro estimula a violência política e colhe o que plantou

Velório do militante do PT Marcelo Arruda, morto a tiros por bolsonarista em Foz do Iguaçu – AFP

Definindo-se em redes sociais como conservador e cristão e exibindo foto ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o policial penal Jorge José da Rocha Guaranho matou na noite de sábado (9), em Foz do Iguaçu, o militante petista Marcelo de Arruda.

A vítima, que atuava como guarda municipal, comemorava seu aniversário de 50 anos em festa temática do PT, do qual era tesoureiro. Antes de morrer, Arruda feriu seu agressor. Segundo relatos à polícia, Guaranho havia passado antes de carro pelo local da festa gritando “Aqui é Bolsonaro” e “Lula ladrão”.

O chocante assassinato de um petista por um ferrenho bolsonarista cumpre, em certo sentido, missão dada diretamente pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que já incentivou seus simpatizantes a “fuzilar a petralhada”. Foi exatamente isso o que aconteceu no sábado.

Bolsonaro qualificou o assassinato como “uma briga de duas pessoas lá em Foz do Iguaçu” e disse que “ninguém fala que o Adélio é filiado ao PSOL”, como se os dois episódios fossem equivalentes.

Adélio Bispo, autor da facada no presidente na campanha de 2018, de fato foi filiado ao partido de esquerda. Todavia, segundo as investigações, foi considerado inimputável por sofrer de uma doença mental e concebeu, planejou e executou sozinho o atentado.

Desde que assumiu, Bolsonaro abusa de linguajar vulgar e violento e acumula episódios de desprezo incivilizado contra adversários políticos, além de escárnio em relação aos demais brasileiros. Seu infame “E daí?”, ao comentar as primeiras milhares de mortes na pandemia, revela o que passa, sem filtros, pela cabeça do mandatário.

Partidário de armar a população e se exibindo frequentemente atirando ou fazendo o gesto da “arminha” com as mãos, Bolsonaro estimula o comportamento violento, sobretudo de seus simpatizantes.

Caberá agora às autoridades investigar as motivações do crime e, daqui para frente, tomar precauções no entorno dos principais candidatos à Presidência. Além do assassinato de Arruda, eventos recentes e perturbadores sugerem um período perigoso à frente.

No mesmo sábado da tragédia, o ex-presidente Lula fizera elogios a militante do PT que quase matou um opositor político durante agressão em 2018. Mais do que nunca, será preciso cuidado extremo com as palavras nessa campanha.

editoriais@grupofolha.com.br

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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