(Kubitschek Pinheiro MaisPB)
Marcado para o próximo dia 12 de agosto, o lançamento do terceiro livro do escritor e pesquisador Deusimar Wanderley Guedes: “Drogas, onde e como lidar com o problema?”. Será às 18h, na Livraria do Luiz no 2º piso do Mag Shopping, na praia de Manaíra.
Trata-se de mais um trabalho minucioso, direto e educativo, sobre o mundo das drogas, o avanço que essa praga tem aumentado nas ruas e cidades, lares e festas brasileiras, de uma linguagem acessível para todos os públicos. Quem apresenta a obra é o professor e escritor Fernando Leal. educador, que trabalhou por várias décadas no SEBRAE–PB, proferindo cursos nas mais diversas áreas educativas e lecionado a disciplina didática. O prefácio é de Olímpo Oliveira.
Com selo da editora Ideia, capa de Dayvidy Guedes, o livro “Drogas, onde e como lidar com o problema?” com 301 páginas, deveria ser adotado em escolas e universidades, pelo seu foco principal, as drogas, todas elas, e principalmente, quais são as estratégias que, os pais, os educadores, profissionais da saúde e lideranças religiosas e comunitárias, devem utilizar no cuidado e/ou tratamento dos usuários, dependentes e seus familiares.
Deusimar Guedes é Agente Especial aposentado da Polícia Federal, psicólogo e advogado. Ele é autor de “Drogas, Problema Meu e Seu”, com seis edições esgotadas e “Drogas – Família e Escola, A informação como Prevenção”, que se encontra em sua terceira edição.
O MaisPB conversou com Deusimar Guedes, que traz mais informações sobre tema com abordagens sobre o uso do Canabidiol, para tratamentos de saúde, o cenário tenebroso na famosa “cracolândia” de São Paulo, as declarações da cantora Anitta sobre a liberação da maconha e muito mais.
MaisPB – O senhor vai lançar no dia 12 de agosto, novo livro, cujo tema é “Drogas – onde e como ligar com o problema?” – qual mensagem desta vez?
Deusimar Guedes – O principal objetivo deste novo trabalho é chamar a atenção da sociedade, em especial dos educadores, pais, mães, professores, lideranças religiosas e comunitárias, e também do poder público em geral, para a gravidade do uso indevido de drogas na atualidade, e que esta empreitada educativa é da responsabilidade de todos os segmentos sociais, e não apenas dos educadores formais. Costumo dizer que o maior problema que a sociedade enfrenta no tocante às drogas, não é o grande número de usuários, dependentes ou traficantes, mas sim a multidão de omissos em relação a esta causa.
MaisPB – Esse livro é fruto de uma pesquisa?
Deusimar Guedes – Não. Apesar de conter em vários capítulos extratos e relatos de algumas pesquisas e/ou outros trabalhos científicos inerentes ao tema, o conteúdo está embasado mais especificamente nas nossas experiências profissionais, seja como profissional da psicologia (psicólogo), no trabalho com usuários, dependentes e seus familiares, seja como advogado, onde por vários anos fomos presidente da Comissão de Política de Segurança e Drogas da OAB/PB, bem como como Agente Especial da Polícia Federal Brasileira, onde por quase três décadas trabalhamos nas delegacias especializadas na prevenção ao uso indevido de drogas e repressão ao tráfico ilícito dessas substâncias.
MaisPB – Você tem outros livros publicados sobre esse tema. Como tudo começou?
Deusimar Guedes – A minha primeira formação acadêmica foi como Educador Físico, pois não apenas sou fã da área educativa, como também acredito nesta vertente, como sendo um pilar edificador inigualável para o aprimoramento do ser humano. Assim sendo, desde a década de 80, quando ingressei na Polícia Federal, sempre que lá chegavam ofícios / convites, para que algum preposto desta instituição proferisse palestra em alguma escola, igreja ou similar, sobre a temática drogas, eu me voluntariava. E neste contato frequente com esse público (alunos, educadores, lideranças religiosas, etc), comecei a compilar suas principais dúvidas, reclamações e sugestões, e daí surgiu a ideia de escrevê-las e transformar em livros.
MaisPB – No seu entendimento, o consumo das drogas tem aumentado em nosso país?
Deusimar Guedes – Segundo levantamentos oficiais da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, o consumo de algumas destas substâncias, lícitas e ilícitas, continua crescendo no Brasil. Dentre estas destacam-se: as bebidas alcoólicas, drogas de uso terapêutico (uso indevido e não prescrito pelo profissional competente), maconha e drogas sintéticas em geral. Sendo esta última modalidade, as sintéticas, as que mais tem preocupado as autoridades de saúde.
MaisPB– A “cracolândia” tem mostrado uma fotografia cruel de São Paulo. Aquilo lá tem jeito?
Deusimar Guedes – Acredito que sim. Contudo, tem que ser um trabalho multidisciplinar, ininterrupto e a longo prazo, envolvendo as diversas esferas do poder público municipal e estadual, nas áreas da saúde, educação, social, segurança pública etc. Também, é indispensável a participação efetiva e integrada do Poder Judiciário e do Ministério Público. Na minha ótica as maiores dificuldades têm sido a descontinuidade das ações educativas preventivas, a falta de compromisso político frente ao problema e a falta de integração dos diversos órgãos e instituições que deveriam estar envolvidas;
MaisPB – A cantora Anitta em “live” pediu ao candidato Lula, se ganhar, que a maconha seja liberada no Brasil. O que o senhor acha disso?
Deusimar Guedes – Na minha opinião qualquer política séria em relação às substâncias psicoativas, sejam estas lícitas ou ilícitas, tem que ter como diretriz principal o desestímulo ao consumo de drogas. As experiências mundo afora têm demonstrado que naqueles países onde houve a legalização ou a flexibilização de alguma forma, o consumo aumentou, especialmente na camada mais jovem da sociedade, que é a presa mais fácil e vulnerável desse mal. Vejamos o exemplo das bebidas alcoólicas em nosso país, ou seja, quanto mais fácil o acesso a uma droga mais esta é consumida. Contudo, devo acrescentar, que não acredito, que a solução para minimizar o problema do uso indevido de drogas, esteja relacionado a uma legislação mais ou menos rígida, mas sim a uma política educativa ininterrupta e adequada às diversas faixas etárias e realidades culturais, desde os primeiros anos de vida da criança até a idade adulta. Vale ressaltar, que há uma diferença entre legalizar ou descriminalizar uma substância e liberar. Descriminalizar ou descriminar é apenas deixar de ser crime o seu consumo, embora possa continuar proibida, a exemplo do que acontece atualmente em Portugal. Já liberar é autorizar o seu consumo deliberadamente. Apesar de tudo, o que temos visto, é que o mundo caminha gradativamente para a descriminalização da maioria das drogas, e no Brasil certamente não será diferente. Assim, espero que tenhamos tempo para bem informar nossos jovens sobre os possíveis e prováveis danos destas substâncias aos seus usuários, antes que estas sejam legalizadas em definitivo.
MaisPB – Qual a sua opinião sobre o uso do canabidiol para tratamento de várias patologias?
Deusimar Guedes – Sou um defensor das pesquisas, inclusive com substâncias hoje ainda na ilegalidade. Portanto, também defendo o aprofundamento dos estudos em relação aos componentes da cannabis (maconha), dentre estes o canabidiol ou CBD. Desde que com critérios científicos e obedecendo técnicas bem estabelecidas, haja vista, que pouco se conhece sobre os possíveis efeitos colaterais que esta substância poderá causar aos seus usuários. Os resultados até o momento são promissores, especialmente em relação ao canabidiol, mas ainda é muito cedo para contarmos vitória. Vale lembrar, que uma coisa é o uso de uma substância isolada (componente) da cannabis, na quantidade certa para cada caso, outra coisa bem diferente é o consumo da “maconha” de forma fumada ou não com seus inúmeros componentes, inclusive muitos destes comprovadamente danosos ao organismo humano;
MaisPB – Muitas pessoas fumam seus “baseados” só para curtir, fazer a cabeça, como se dizia antigamente O senhor é contra esse tipo de consumo?
Deusimar Guedes – Não acho que o uso moderado de uma substância seja um grande problema. Contudo, sou um legalista, até pela vivência de grande parte da minha vida na polícia, e assim sendo, defendo que aquilo que é ilegal deve ser evitado. Isso não significa que não possamos tentar modificar a lei. Por outro lado, devo dizer, que defendo a tese, baseado em experiências vivenciadas, que o maior problema em relação ao uso indevido de drogas não é a dependência ou vício, mas sim o que as pessoas fazem quando estão sob efeitos destas substâncias. Pois mesmo aqueles usuários esporádicos ou recreativos, quando sob efeitos de drogas por vezes cometem atos que jamais cometeriam se não estivessem drogados, e aquelas pessoas que já têm alguma predisposição genética a algum distúrbio psicológico, podem cometer atos inimagináveis. Este sim é o maior risco.
Mais sobre o autor
Estudioso e pesquisador paraibano, Deusimar Wanderley Guedes é Educador Físico, Psicólogo e Advogado. Especialista em Criminologia e Psicologia Criminal – Investigativa.
Agente Especial da Polícia Federal Brasileira (aposentado), onde trabalhou quase trinta anos, a maioria destes, nas Delegacias Especializadas na Prevenção ao uso indevido de drogas e Repressão ao tráfico ilícito dessas substâncias. Instrutor convidado da Secretaria Nacional de Segurança Pública, e de diversas academias especializadas na formação de policiais e educadores de várias outras áreas.
Acumula ainda no seu currículo, inúmeras participações em cursos nacionais e internacionais de especialização e extensão nas áreas de prevenção e repressão ao uso indevido de drogas. É sócio da ABEAD – Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas, e do IBRASJUS – Instituto Brasileiro de Justiça e Cidadania. Ex-presidente da Comissão de Políticas de Segurança e Drogas da OAB/PB, e do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas do município de João Pessoa/PB.
Também foi colunista da rádio CBN – João Pessoa/PB, sobre a temática: segurança pública e drogas, durante alguns anos. Também já proferiu centenas de conferências e cursos, e publicou dezenas de artigos em revistas e livros especializados sobre os temas já citados.