(José Romildo de Sousa, Escritor, poeta, historiador e consultor cultural, no Facebook em 21/07/2022)
No século passado, meados da década de 30, sempre que o bispo de Cajazeiras, Dom João da Mata de Andrade e Amaral vinha a Patos, manifestava o desejo de criar um ginásio que viesse servir de suporte para a formação integral da juventude local.
Nesta época existia na cidade, vários estabelecimentos de ensino primário, a exemplo do propagado Grupo Escolar Rio Branco, construído em 1932 pelo governo provisório, mas a juventude necessitava de um educandário que disponibilizasse o curso ginasial, para que ela pudesse dar continuidade aos seus estudos.
Diante da inexistência desse equipamento, que a comunidade religiosa considerava de real necessidade para contribuir com a formação cristã das novas gerações, o padre Fernando Gomes dos Santos, vigário paroquial, decidiu implementar a ideia do bispo, a partir da ajuda dos deputados José Peregrino de Araújo e Ernani Sátyro, conseguindo que o Estado repassasse para a Diocese de Cajazeiras as antigas instalações que pertenciam ao II Batalhão de Polícia, as quais se encontravam ociosas na Praça João Pessoa.
E, assim, em 1º de julho de 1937 deu-se a instalação do Ginásio de Patos, anteriormente denominado de Dom Adauto, em sessão solene que contou com a presença de Dom da Mata, autoridades locais, os deputados patoenses Ernani Sátyro e José Peregrino, os Padres Fernando Gomes, Gervásio Coelho e Abdon Pereira, bem como alunos e seus familiares. No momento da realização do evento, o bispo diocesano usando da palavra assim se manifestou: “congratulo-me com a cidade, pelo passo que acabara de dar no caminho do progresso; agradeceu a cooperação de todos os que trabalharam em benefício de tão significativa obra e deu por inaugurado o novo colégio, pedindo a Deus uma grande bênção para o Ginásio de Patos e para a florescente cidade sertaneja”
Inicialmente, foi escolhido para diretor do colégio o Padre Fernando Gomes, ficando o seu controle interno a cargo do professor Antônio Lustosa Cabral. Dirigiram ainda o Colégio de Patos o Padre Acácio Cartaxo Rolim durante o ano de 1938, o padre Vicente Freitas de 1939 a 1941 e o Padre Manuel Vieira, que tomou posse em 02 de fevereiro de 1942, permanecendo no cargo até 1966; o qual, nesse fecundo período de realizações, impunha controle e respeito dos alunos (internos e externos) com o seu “respeitável apito”.
O Colégio de Patos, por mais de duas décadas foi um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino do interior da Paraíba.
Na gestão do Padre Vicente Freitas aconteceu um ato religioso de muita importância que foi a inauguração e benção em 11 de agosto de 1940, da Capela do Colégio, montada num dos salões do educandário. Segundo Flávio Sátyro “as alfaias e demais utensílios empregados nos cultos religiosos resultaram da doação da família católica ao ginásio”. E continuou o escritor patoense: “É importante chamar a atenção para o fato de que no registro feito nos assentamentos paroquiais, a respeito do ato inaugural da Capela, na data acima citada, há referência, pela primeira vez, ao nome Ginásio Diocesano”.
No que diz respeito ao envolvimento no setor cultural, o Ginásio Diocesano instalou em 3 de maio de 1938, por iniciativa do Padre Acácio Cartaxo Rolim, a Arcádia Cônego Machado, numa homenagem ao vigário Joaquim Alves Machado que por mais de 50 anos dirigiu os destinos religiosos dos paroquianos das Espinharas. A Arcádia, atuando em forma de grêmio literário, tinha a finalidade de promover a formação política e sociocultural dos discentes, envolvendo-os na realização de recitais, debates, conferências, peças teatrais, registro das datas comemorativas e cultivo de personagens históricas.
No seu início, o Ginásio Diocesano enfrentou sérias dificuldades para se consolidar. Tudo em virtude do pequeno número de alunos matriculados e a formação do seu corpo docente.
Quanto a primeira preocupação, o bispo Dom João da Mata vindo a Patos aproveitou uma missa para alertar a população patoense sobre a situação em que se encontrava o recém-criado colégio. E convocou os católicos da cidade para apoiá-lo. O pedido surtiu logo efeito e as matriculas começaram a aumentar. Em se tratando do corpo docente do Ginásio Diocesano, no seu início foi também dificílimo a sua composição. Entretanto, com o aumento do número de alunos matriculados e com o dedicado empenho do Padre Fernando Gomes, a equipe de professores foi sendo incrementada com renomados profissionais que passaram a se dedicar também ao magistério.
Ressalta-se alguns nomes que compuseram a equipe de professores e promoveram uma educação de excelência aos jovens daquela época, os quais merecem ser cultivados: Antonio Lustosa Cabral (Diretor), Padre Acácio Cartaxo Rolim (professor de Francês), Antônio do Vale Silva Dias (professor de Português), Antônio Gameiro (Professor de Português), Euclides Gomes Brito, (professor de Frances), Padre Fernando Gomes (professor de religião) Padre Joaquim de Assis Ferreira (professor de Religião), José Cavalcanti, (Professor), Manoel de Sousa Oliveira (professor de História), Cônego Manoel Vieira, ( professor de Inglês), Rosalina Cavalcanti (professora de Matemática).
Muitos profissionais de diferentes categorias, contribuíram como professores do referido estabelecimento em diferentes disciplinas, merecem destaque: Agrícola Montenegro (Juiz de Direito), Antônio Aureliano (Médico), Estácio Souto Maior (Médico), José Justiniano (Médico), Lourival Cavalcante ( Advogado), Luiz Torres Wanderley (Advogado), Napoleão Abdon da Nóbrega (Advogado), Osvaldo Lima (Professor), Quinídio Sobral (Dentista) e Vicente Freitas (Sacerdote).
A primeira turma de concluintes do Diocesano colou grau em 8 de dezembro de 1942. Foram homenageados naquela oportunidade o Médico Firmino Leite (Paraninfo), Padre Vicente Freitas (Homenagem Especial), Monsenhor Fernando Gomes (Fiscal Federal), Dom João da Mata Amaral, Padre Acácio Cartaxo Rolim, Dr. Rui Carneiro, Argemiro de Figueiredo e Dr. Lourival Cavalcante.
O orador da turma foi Severino Marinho Leite representando na ocasião os seguintes formandos: Álvaro Dantas de Almeida, Antônio Bráulio de Medeiros, Antônio Nóbrega de Figueiredo, Benedito Gonçalves Maia, Francisco Nóbrega de Figueiredo, Francisco Soares de Sá, Heliomar de Lucena Fernandes, Jaime de Farias Leite, Jamil Alves da Nóbrega, José Cavalcanti, Jurandi Palitó, Manoel Maria Moreno, Newton Xavier Dantas, Nilson Gomes Vieira, Normando Gomes Vieira, Rui Soares Barbosa e Valdevino Gregório de Andrade.
O Colégio Diocesano passou a ser denominado Colégio Estadual de Patos, através da Lei nº 2.521, oriundo do Projeto de Lei nº 89/60, de autoria do Deputado José Afonso Gayoso de Sousa, aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado pelo Governador Pedro Gondim em 24 de outubro de 1961; onde, o Padre Vieira continuou em sua direção, cargo que exerceu até a sua designação para assumir a Secretária Estadual de Educação, no governo de João Agripino.
Nossa opinião
Muito me orgulho de ter sido aluno e professor do Colégio Diocesano de Patos. Fui aluno da turma do primeiro científico de 1961, última turma de primeiro ano no Diocesano velho, e fui professor no curso primário nos anos de 1963 a 1966. E fiz parte da primeira diretoria do Diocesano novo, em 1967, juntamente com o padre Raimundo Luciano Correia Lima de Menezes, como diretor, Nestor de Alcântara Gondim, como tesoureiro e eu na condição de secretário. (LGLM)
Prezado Jornalista e Colega Luiz Gonzaga de Morais
Parabéns pela reportagem sobre o extraordinário marco HISTÓRICO/CULTURAL da cidade de Patos_PB: O GINÁSIO DIOCESANO/COLÉGIO ESTADUAL.
Eu também tive o privilégio de ser aluno e professor dessa casa que muito engrandeceu a comunidade patoense.
Obrigado pela provocação de viagem a lembranças impagáveis.
Glauco Roberio da Nóbrega Medeiros
Na realidade o artigo é do historiador José Romildo de Sousa. Nós o reproduzimos pela sua importância e oportunidade.
Grande reportagem do colégio diocesano de Patos
Fui aluno do colégio Diocesano de Patos do ano 1962-1964, gostaria de saber informações dos ex-alunos desse período. Hoje sou médico na cidade de Várzea Alegre CE
Fiz o científico justamente neste período.