Apoio da Fiesp à democracia reitera caráter apartidário do movimento

By | 28/07/2022 7:04 am

A escalada do presidente Jair Bolsonaro contra as eleições surtiu efeito, isolando completamente o bolsonarismo do restante do País. A reação da sociedade em defesa da democracia é cada vez mais unânime, como se pôde constatar pelo apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ao movimento em defesa do regime democrático e da Justiça Eleitoral organizado na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

A adesão da Fiesp ao ato em defesa da democracia, que será realizado no dia 11 de agosto, explicita pontos importantes. Em primeiro lugar, reitera o caráter plenamente apartidário da resistência democrática. Afinal, ninguém pode acusar a Fiesp de ser petista ou de favorecer a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Ao anunciar sua ideia de participar do ato em defesa da democracia no Largo de São Francisco, em reunião com a diretoria da entidade na segunda-feira passada, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, foi fortemente aplaudido. As palmas não eram a favor de determinado candidato. Eram o reconhecimento de que o momento do País demanda posicionamento firme e incondicional a favor do regime democrático.

O apoio da Fiesp ao movimento em defesa da democracia revela também que, com sua loucura de atacar as eleições, o bolsonarismo está rompendo a polarização. A sociedade pode ter muitas divisões a respeito de diversos temas, mas não está dividida em relação à defesa da democracia e ao respeito do resultado das eleições. Após a reunião com os embaixadores estrangeiros, em que acusou a democracia brasileira de não ser confiável, Jair Bolsonaro ficou inteiramente a pé. O resultado de seu golpismo é o isolamento. A sociedade está do lado da democracia e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A contundente reação em defesa do regime democrático revela ainda outro aspecto fundamental. O ataque de Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas não afronta apenas a integridade eleitoral – o que, por si só, é muito grave: inconstitucional, a ação é suscetível de ser enquadrada como crime de responsabilidade e como abuso de poder político e de autoridade. A escalada bolsonarista contra a democracia tem uma outra dimensão, explicitada pelo apoio da Fiesp ao movimento do Largo de São Francisco. Difundir desconfiança contra o TSE, criar confusão e instabilidade institucional, suscitar dúvidas se o resultado das eleições será respeitado, difamar a democracia nacional perante embaixadores estrangeiros – tudo isso causa danos diretos e imediatos ao País.

A defesa da democracia – o que inclui respeitar a legislação eleitoral e o Judiciário – não é uma defesa abstrata de ideias. É defesa imediata do interesse nacional. É defesa da paz e da ordem social, de forma a permitir que a população viva, trabalhe e descanse em tranquilidade. É defesa das condições mínimas para que o País possa se desenvolver social e economicamente. Não há ambiente de negócios que resista, não há possibilidade de o País superar a atual crise social e econômica com um presidente da República provocando a animosidade da população contra as eleições e contra as instituições democráticas.

Posicionar-se em defesa da democracia – como fizeram a Fiesp e tantas outras entidades, bem como inúmeras lideranças civis e políticas, professores, empresários, profissionais liberais, funcionários públicos, estudantes – não é uma escolha político-partidária. É uma escolha a favor do Brasil.

A reunião do dia 18 de julho com os embaixadores estrangeiros causou e continuará a causar, por muito tempo, perplexidade. Não é trivial entender como Jair Bolsonaro pôde aviltar de forma tão brutal o País e suas instituições. No entanto, aquela sinistra reunião é, ao mesmo tempo, a perfeita síntese do bolsonarismo. Não podia ser diferente. Os métodos de Jair Bolsonaro – seja ameaçar explodir bomba em quartel, seja ameaçar não respeitar as eleições – sempre foram opostos aos interesses nacionais. Felizmente, o País começa a se dar conta. Não é possível ficar indiferente. É preciso resistir.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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