Sociedade demonstrou à saciedade sua rejeição ao fascismo e enfrenta seu destino pela via democrática do processo eleitoral
Essa hipótese, contudo, está bem longe de ser confiável, como evidente no levante da consciência democrática na defesa que se alastrou entre a inteligência e ponderáveis setores das elites econômicas dos valores e instituições que conformam o Estado democrático de direito, nos vigorosos manifestos lidos em 11 de agosto na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, o dos juristas e dos empresários da FIESP , a que dezenas de outras, de vários estados da federação se acrescentaram replicando o inteiro teor do texto dado a público nesse simbólico dia de agosto subscrito por mais de 900 mil pessoas e inúmeras entidades, entre as quais as mais representativas do capital e do trabalho e de movimentos sociais.
No caso, é de especial relevância o fato de que tal manifestação optou por estabelecer uma linha de nítida convergência com as manifestações de 1977 em oposição ao regime ditatorial da época, tanto no texto, como no lugar em que ambas vieram a público. Nesse sentido, bem mais do que um protesto tópico contra os descaminhos do atual governo e sua índole autocrática a poderosa manifestação dos dias de hoje se endereça à intenção de levar a cabo a democratização inconclusa da sociedade brasileira.
Este 11 de agosto descortina uma nova oportunidade para a democracia que não pode ser perdida por equívocos na condução da política, quando se deixou se apartarem as dimensões da questão social com as da democracia política. Nos atos de hoje na faculdade de Direito de São Paulo e em tantas outras sedes de manifestação igual, a amplitude das forças políticas, culturais e de movimentos sociais é a melhor indicação de que se encontrou o melhor caminho para deixarmos para trás a história de horrores que é a da nossa modernização autoritária. /sociólogo, PUC-Rio