(Blog do Jordan, 30/09/2022)
O Blog do Jordan Bezerra fez um levantamento sobre cidades do interior da Paraíba que possuem mais eleitores que habitantes, comparando os dados do censo do IBGE 2020 e dados do sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que foram divulgados recentemente.
Segundo os dados, há disparidades entre o número de votantes aptos para o pleito de 2022 e o número de cidadãos que, de fato, residem em alguns municípios dos municípios.
O município de Areia de Barauna, região metropolitana de Patos, que pertence à 65ª zona eleitoral, tem mais eleitores que habitantes, com uma disparidade menor. Segundo o IBGE, moram neste município 2.126 habitantes, mas os eleitores aptos a votar é de 2.157. Ou seja, a cidade tem 31 eleitores a mais. Se compararmos os jovens de 15 anos abaixo e crianças, a diferença cresce significativamente.
Já a cidade de Cacimba de Areia, região de Patos, que pertence à 65ª, tem aptos a votar, segundo dados do TRE, 3.941, enquanto moram na cidade cerca de 3.708 habitantes. Diferença de 233 eleitores a mais.
O município de Passagem tem um número preocupante. Mais eleitores que habitantes. A diferença é de 223 pessoas. A ciade tem, segundo o IBGE, 2.424 moradores, enquanto que o eleitorado apto a votar é de 2.647 eleitores.
Enquanto isso, Salgadinho, que é um pouco mais distante da cidade de Patos, tem um número de habitantes maior que de eleitores, que deveria ser normal em todos os municípios, visto que adolescentes e crianças não votam, mas contam como habitantes. Salgadinho tem 3.975 moradores, e 3.275 eleitores, segundo o TRE. A cidade tem 700 habitantes a mais que eleitores.
Fechando os municípios da 65ª zona eleitoral, da região de Patos, aparece a cidade de São José do Bonfim, a população local é de 3.619 pessoas, enquanto que a população votante é de 4.027 eleitores. Uma diferença de 408 eleitores a mais que habitantes.
Segundo o levantamento realizado pelo Blog, nota-se que, com a exceção do município de Salgadinho, todos eles têm mais eleitores que habitantes, e em todos os municípios mais próximos de Patos, há uma diferença ainda maior. Pessoas que moram em Patos, mas que votam em outros municípios.
É exatamente por isso que o número de eleitores em Patos é bem inferior ao número de habitantes.
Comentário nosso
Há uma explicação para esta aparente distorsão. A maioria dos eleitores que excede a população destes municípios são pessoas que se mudaram para outras cidades, no caso nosso, na sua maioria para a cidade de Patos. Estas pessoas preferem continuar votando na cidade de origem, onde é mais fácil conseguir as coisas com a prefeitura da cidade, do que conseguiriam na cidade de Patos. E em muitos casos isto é permitido pela própria legislação eleitoral. O eleitor brasileiro pode ter mais de um domicílio eleitoral. Por exmplo, eu tenho residência na cidade de João Pessoa, mas tenho um segunda residência em Patos e uma terceira em São José do Bonfim. De acordo com a legislação eleitoral posso ser eleitor em qualquer destes três municípios. Numa revisão eleitoral, basta que eu comprove que tenho estas três residências. Por isso, mesmo com a realização de revisão eleitoral nos municípios citados na matéria, muita gente continuará votando lá, mesmo que pelas estatísticas do IBGE constem como residindo, por exemplo, em Patos. Um caso comum de mais de um domicílio eleitoral é o de proprietários rurais, que podem ter domicilio na cidade em que moram e no município onde têm as suas propriedades. Esta é a justificativa, por exemplo, para muitos prefeitos e vereadores que residem em Patos, mas têm domicilio eleitorais nas cidades onde exercem os seus mandatos, condição exigida para serem candidatos ali. Assim como se estranha municipios com mais eleitores do que habitantes, seriam interessante fazer uma pesquisa para ver quandos prefeitos e vereadores, por exemplo, moram na cidade de Patos, e exercem mandatos em outras cidades. Há alguns anos, em uma das cidades da grande Patos, Quixaba, só o vice-prefeito morava no município, o prefeito e todos os vereadores moravam em Patos. Seria interessante verificar esta situação hoje nos vários municípios da região. (LGLM)