Datafolha: Lula chega ao 1º turno com 50% dos votos válidos; Bolsonaro tem 36%

By | 02/10/2022 7:31 am

Definição se eleição termina em favor do petista neste domingo fica para hora da votação

 

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega ao primeiro turno da eleição geral, que ocorre neste domingo (2), com chance de vencer de forma direta a disputa. Ele tem 50% dos votos válidos, ante 36% de seu principal rival, o presidente Jair Bolsonaro (PL). Simone Tebet (MDB) tem 6%, empatada tecnicamente com Ciro Gomes (PDT, 5%).

O cenário, de notável estabilidade nas últimas semanas, foi registrado pela última pesquisa do Datafolha antes do pleito. A marca do petista é o limiar para atingir metade mais um dos votos válidos, aqueles que excluem brancos e nulos (e indecisos, no caso do levantamento), o mínimo para evitar o segundo turno.

Na montagem, o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro
Na montagem, o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro – Reuters

Presidente de 2003 a 2010, Lula coroa uma volta por cima rara: deixou o Planalto com mais de 80% de aprovação, viu sua sucessora Dilma Rousseff (PT) ser bem-sucedida, perder tração e gestar uma crise econômica e política que lhe custou o cargo.

Foi condenado e preso por corrupção, só para ver as sentenças anuladas por questões legais e o seu algoz, Sergio Moro, julgado parcial e fracassar ao tentar ser presidenciável.

Agora, o petista tenta voltar ao poder enfrentando um adversário diferente do que o PT se acostumou até 2018, quando Bolsonaro saiu das franjas do baixo clero para a Presidência com um discurso antipolítico e radical de direita. Com alta rejeição, o presidente é o primeiro da era das reeleições a não chegar à frente no dia do primeiro turno, e luta para ir ao segundo.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos. O instituto entrevistou 12.800 pessoas em 310 cidades. O levantamento tem o registro BR-00245/2022 no Tribunal Superior Eleitoral, e foi contratado pela Folha e pela TV Globo.

Ao longo da corrida, o pedetista viu murchar quase pela metade sua usual posição nas três campanhas presidenciais anteriores que disputou, enquanto a senadora estreou mantendo um nível constante de apoio.

Sem ambos no páreo, é possível que Lula já tivesse a certeza da vitória, considerando os padrões de migração de intenção de voto registrados pelo Datafolha. Não por acaso, principalmente no caso de Ciro por ser associado à centro-esquerda, os estrategistas do PT fizeram de tudo para estimular o voto útil no ex-presidente.

A estabilidade também mostra o limite do impacto do debate final do primeiro turno, realizado na quinta (29) pela TV Globo. O embate foi bastante agressivo, com Lula, Bolsonaro, Ciro e outros se enfrentando em termos duros. Não houve impacto na rejeição dos líderes, apenas uma oscilação de um ponto para cima para o petista.

Na rodada anterior, feita de terça (27) a quinta, o Datafolha havia aferido 50% de intenção de votos para o petista e 36%, para o incumbente. Dizem estar certos do voto 87%, quase todos há bastante tempo.

Este é um dos fenômenos mais relevantes desta campanha eleitoral, antecipada por muitos como um embate de rejeições complementares —o que gerou a ilusão na classe política de que poderia haver espaço para o surgimento de alguma terceira via competitiva.

Vários nomes tentaram se viabilizar, sobrando à relativamente desconhecida Tebet a vaga. Sua meta declarada parece alcançada: ela oscilou e passou, numericamente, Ciro neste levantamento. Estão empatados, contudo.

Abaixo dos dois, empatados no limite da margem com Ciro, estão Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe D’Ávila (Novo), ambos com 1%. Não pontuaram Constituinte Eymael (DC), Padre Kelmon (PTB), Sofia Manzano (PCB), Vera (PSTU) e Leo Péricles (UP).

Houve também a consolidação do perfil do eleitorado. Lula manteve sua liderança até aqui apoiado na grande vantagem que registra entre os mais pobres, calcando sua campanha na promessa de um retorno a um tempo de maior bonança econômica —particularmente seu segundo mandato (2007-10), antes da debacle que viria sob sua protegida Dilma Rousseff (PT), impedida em 2016.

Aqui avaliam-se os votos totais, métrica segundo a qual Lula tem 48%, Bolsonaro, 34%, Tebet, 6% e Ciro, 5%.

Segundo o Datafolha, o petista chega ao dia da eleição com 57% dos totais entre quem ganha até 2 salários mínimo, que são 48% dos entrevistados. Bolsonaro, apesar de ter feito diversos gestos para esse grupo, reduzindo preço de combustíveis e tendo conseguido acesso a R$ 41 bilhões para gastos sociais até o fim do ano, marca 26%.

Outra trincheira de Lula é o Nordeste, segunda região mais populosa com 27% do eleitorado. Lá, vence Bolsonaro por 62% a 23%. Seu desempenho é tão forte que ele até impulsionou candidaturas petistas que pareciam fadadas a serem trucidadas, como na Bahia, um movimento não diferente do que ocorreu em 2018, quando por exemplo o azarão Romeu Zema (Novo) elegeu-se em Minas associado ao fenômeno Bolsonaro.

Ali, o cruzamento da pobreza e do petismo gera um dos dados mais simbólicos da dificuldade de Bolsonaro neste ano: a maioria dos que recebem o Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família associado a Lula, vota no petista. A região concentra metade das 20 milhões de famílias assistidas pela ação.

Mais relevante para o ex-presidente, contudo, é sua liderança no Sudeste, que soma 43% da amostra do Datafolha. Na região, ele supera o presidente por 44% a 37%. Curiosamente, em 2 dos 3 grandes colégios de lá, Rio e Minas, candidatos associados ao bolsonarismo (Cláudio Castro no Rio e o mesmo Zema, algo descolado do presidente hoje), estão em posição favorável. No maior eleitorado, o paulista, lidera o lulista Fernando Haddad (PT).

Nos grandes grupos, seguiu-se o filme visto desde o começo da campanha: as mulheres rejeitam mais o voto em Bolsonaro devido à sua ficha corrida de discursos machistas e a percepção, ampliada pelo seu manejo negacionista da pandemia, de que lhe falta empatia (“É só uma gripezinha”, “Não sou coveiro”). Dono de 52% da amostra, o eleitorado feminino prefere Lula, que marca 47%, enquanto o presidente tem 32%.

Bolsonaro até tentou amenizar a alta rejeição e trazer a primeira-dama Michelle como garota-propaganda de sua campanha, mas não funcionou. Já a radicalização pendular de seu golpismo, centrado no questionamento ao sistema eleitoral, pode não ter ganho votos, mas pode ter ajudado a manutenção de uma intenção de voto constante ao longo do ano.

Para o presidente, resta também uma posição mais favorável nas faixas de renda acima de 2 mínimos. Na mais volumosa delas, a classe média baixa que ganha de 2 a 5 salários e soma 37% da amostra, ele tem 41%, ante 40% de Lula. Nas faixas acima, lidera, mas a margem de erro é muito mais ampla.

Também sustentou na campanha a vantagem entre o eleitorado evangélico, 26% dos ouvidos, onde bate o petista por 52% a 30%. O segmento é mais coeso do que o majoritário católico (55% da amostra) em termos políticos, no qual Lula lidera por 54% a 28%.

A reta finalíssima da disputa pode, claro, trazer surpresas. Não é incomum variações que ocorrem na hora da decisão final do voto, mas a avaliação do número de indecisos na pesquisa espontânea, boa régua para isso, mostra alto índice de decisão: apenas 10% disseram não saber em quem vão votar ou se recusaram a responder.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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