Por que o resultado das eleições não coincide com o resultado das pesquisas?

By | 04/10/2022 7:30 am

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, reproduzido por Polêmica Patos)

Na tarde do sábado, quando viajava para Patos, onde votaria no domingo, ouvi um dos passageiros dizendo para outro: “Pesquisa não vale nada, nunca acerta o resultado.” Não engoli o absurdo e da minha cadeira contestei. “As pesquisas nunca erram. Aliás nunca erraram nos últimos vinte e cinco anos, pelo menos, as pesquisas para presidente da República. No final, sempre ganharam os que estavam na frente nas pesquisas. Tem havido muitas falhas nas pesquisas estaduais que não são feitas pelos grandes institutos, mas por empresas locais, terceirizadas pelos grandes institutos para fazer estas pesquisas a nível local. E estes institutos locais muitas vezes são comprometidos com interesses locais e frequentemente manipulam as pesquisas”. Ninguém me respondeu nada.

Os principais institutos de pesquisas não acertaram integralmente os seus prognósticos, mas todos eles detectaram a tendência do eleitorado para, em sua maioria, votar em Lula. E o resultado final confirmou esta tendência. As pesquisas davam uma maioria para Lula em torno de dez por cento, e no resultado final esta diferença foi de apenas cinco por cento. Por que isto?

Pesquisa não é profecia. Não é exata. Se pesquisa fosse exata não precisava fazer eleição. Bastava fazer uma pesquisa no dia da eleição e Tribunal Superior Eleitoral homologar o resultado.

Muitos fatores, entretanto, podem modificar o resultado das pesquisas, e um deles é a abstenção. Nas eleições deste ano a abstenção foi de praticamente vinte e um por cento. Ou seja, quase trinta e três milhões de eleitores deixaram de comparecer para votar e quase seis milhões anularam o voto ou votaram em branco. Nas abstenções, ou cerca de trinta e três milhões que não compareceram às eleições, e nos três milhões e meio que anularam o voto estão a diferença entre o resultado das eleições e a previsão das pesquisas. Nas cidades em que não havia transporte gratuito para os eleitores, por exemplo, quantos não deixaram de votar? Nos trabalhadores que saíram de suas cidades para trabalhar no Sul, quantos não deixaram de votar? E estes pobres que deixaram de votar, em sua maioria, em quem votariam?

Claro, que num segundo turno muitos destes que se abstiveram no primeiro turno, vão se abster de novo, mas a tendência do eleitorado deverá permanecer a mesma.

E os resultados certamente serão modificados pelos eleitores dos candidatos que não chegaram ao segundo turno, principalmente os eleitores de Simone Tebet e Ciro Gomes. Estes oito milhões e quinhentos mil eleitores e são superiores aos seis milhões da diferença entre Lula e Bolsonaro, mas eles teriam que ir na sua maioria votar com Bolsonaro para fazer com que ele ganhasse as eleições, coisa que achamos que dificilmente vai acontecer. Acreditámos que a maioria deles votará em Lula e só aumentara a sua vitória, no segundo turno.

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *