(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado em Notícias da Manhã, da Espinharas FM)
Muitos amigos me têm perguntado se vejo chance de Pedro Cunha Lima ganhar de João Azevedo no segundo turno. A resposta que tenho é que vejo como matematicamente possível a eleição de Pedro Cunha Lima. Se Pedro Cunha Lima conseguir atrair 80% dos votos dos outros adversários ele pode ganhar a eleição. Isto é difícil, mas não é impossível.
Veneziano já anunciou que vai apoiar Pedro. Embora não acreditemos que todo o eleitorado de Veneziano se transfira para Pedro Cunha Lima, entendemos que a maior parte deste eleitorado deverá migrar para Pedro.
Por sua vez, grande parte do eleitorado de Sérgio Queiroz que votou nele, para senador, pelas suas qualidades pessoais e não são necessariamente eleitores bolsonaristas, deverão migrar para Pedro Cunha Lima, para prestigiar Sérgio numa possível pretensão de vir a ser candidato a prefeito de João Pessoa, nas próximas eleições. E Sérgio anunciou que vai apoiar Pedro.
O eleitorado bolsonarista que votou em Nilvan Ferreira, que, por sua vez, anunciou neutralidade no segundo turno, dificilmente votará em João Azevedo, que se anuncia como o grande paladino de Lula na Paraíba. E se Nilvan evitou se comprometer com a candidatura de Pedro pensando que este pode privilegiar uma possível candidatura de Sérgio Queiroz em 2024, esqueceu que uma reeleição de João vai fortalecer um adversário muito mais perigoso nas futuras eleições municipais que é o atual prefeito Cícero Lucena, que disputará o pleito com a prefeitura da mão, além do importante apoio de João, se este conseguir se reeleger.
Por fim, há uma incógnita, que é o comportamento do eleitor de Ricardo Coutinho. Como se comportará o eleitorado pessoal de Ricardo Coutinho, muito maior do que o eleitorado do seu parceiro Veneziano? Será que votará todo em João seguindo algumas lideranças petistas que dissentiram da candidatura de João no primeiro turno?
Há outras questões que devem ser levadas em consideração e que podem mudar o resultado das eleições. Muitos candidatos a deputado, eleitos ou não, deixarão de ter, neste segundo turno, o mesmo interesse que tiveram no primeiro turno, e seu eleitorado pode se abster no segundo turno ou seguir caminhos diferentes do que tiveram no primeiro turno. O mesmo pode-se dizer de prefeitos e outras lideranças políticas. No primeiro turno eles tinham muitos interesses pessoais em jogo. Será que terão os mesmos interesses agora?
A eleição presidencial é muito mais apaixonante do que a eleição estadual. Muita gente escolhe o candidato como quem escolhe o time de futebol. Por isso nunca se registrou, em passado recente, uma reviravolta no segundo turno.
Na eleição estadual ou municipal valem muito mais os interesses pessoais de candidatos e eleitores. Por isso é muito mais frequente a ocorrência de reviravoltas no segundo turno, tanto em eleições estaduais, como em eleições municipais, segundos turnos mais raros por só ocorrerem em cidades com mais de duzentos mil eleitores.
Resta, portanto, aos dois lados, tanto nas eleições presidenciais como nas eleições estaduais, se manterem atentos até o final da disputa. Tudo pode acontecer, inclusive nada.