(Mariana Carneiro, Julia Lindner e Gustavo Côrtes, na Coluna do Estadão, em 29/10/2022)
Após denunciar suposta fraude, o ministro Fábio Faria recuou nesta sexta (28) e se disse arrependido de ter levantado a hipótese de boicote contra Jair Bolsonaro (PL). Seus aliados descrevem, sob reserva, que o ministro ‘ficou com medo do Xandão’, em alusão a Alexandre de Moraes, e houve quem temesse que ele acabasse tendo a prisão decretada. Além de Moraes, ministros do STF, como Gilmar Mendes e Dias Toffoli, procuraram Faria para uma reprimenda, alegando que ele falou em fraude eleitoral quando o problema foi de comunicação do PL com as rádios. A declaração era ainda mais grave por partir de um ministro de Estado e por ter alimentado teses pelo adiamento do pleito. Para esfriar os ânimos, Faria deu o passo atrás.
ELIMINADO. Na tarde desta sexta, parlamentares especulavam que Faria poderia acabar demitido por Bolsonaro, numa tentativa do presidente de estancar mais uma crise na campanha a tão pouco tempo da eleição. No núcleo do governo, porém, a saída dele foi afastada.
SINAL. Faria não avisou a campanha de Bolsonaro que faria o recuo, mas ministros do Supremo estavam cientes de que haveria um sinal de arrependimento. Ele próprio teria avisado Moraes da decisão. Ainda assim, seus aliados não descartam que, mesmo após a eleição, Moraes possa tentar puni-lo.
GANGORRA. Na campanha, a leitura é a de que Faria tentou criar uma cortina de fumaça para despistar o caso Roberto Jefferson. A ideia era vender Bolsonaro como “o candidato que o sistema não quer”. Não deu certo e, de importante articulador, Faria fechou a semana em baixa.