Após derrota para Lula, presidente Bolsonaro e aliados silenciam

By | 31/10/2022 9:16 am

Pela primeira vez na história política recente, um presidente da República no exercício do cargo não é reeleito

(Ingrid Soares, no Correio Braziliense, em postado em 30/10/2022 20:50 / atualizado em 31/10/2022 00:46

 

 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) amargou derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que retorna ao poder pela terceira vez. Pela primeira vez na história política recente, um presidente da República no exercício do cargo não é reeleito. Mais de meia hora após a vitória do petista ser decretada, o atual presidente ainda não havia comentado o resultado das eleições no Palácio da Alvorada, onde a imprensa em peso segue aguardando um posicionamento.

Mais cedo, ao votar no Rio de Janeiro, Bolsonaro se disse otimista com o resultado: “Expectativa de vitória”. Após a votação, Bolsonaro recebeu jogadores do Flamengo no Aeroporto Internacional do Galeão. O time venceu a final da Libertadores contra o Athlético-PR no Equador.

Neste sábado (29), a capital mineira Belo Horizonte, foi escolhida pelo presidente para sua última motociata antes das eleições.

Em Brasília, apoiadores de Bolsonaro acompanharam a apuração na Esplanada dos Ministérios. Já os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficaram próximos à Torre de TV.

Base fiel e pautas ideológicas

Sem conseguir atrair novos eleitores, Bolsonaro voltou às origens e ignorou conselhos da parte pragmática do Centrão, que pedira um candidato mais sóbrio. Na prática, continuou em 2018, acenando a base fiel, defendendo ideais conservadores, como a pauta cristã anti-aborto, contra a legalização da maconha, o que chama de “ideologia de gênero” e a favor do armamento por parte da população.

Alavancado pela onda antipetista, Bolsonaro, ainda no PSL, foi eleito em 2018 com a promessa de combate à corrupção, permeada pelos sucessivos escândalos na Lava-Jato. Em 2018, durante agenda política em Juiz de Fora, pouco menos de um mês antes das eleições, o então candidato foi vítima de um atentado com uma facada que perfurou seu abdômen em Juiz de Fora (MG). A tragédia deu novo rumo à candidatura e fez com que Bolsonaro ganhasse maior notoriedade.

Já no primeiro ano de governo, Bolsonaro deixou o PSL após um racha na sigla e tentou criar um partido próprio, o Aliança Pelo Brasil, pelo qual tentaria a reeleição. No entanto, não conseguiu reunir as assinaturas necessárias para o registro e se uniu ao Partido Liberal, composto pelo Centrão. Em uma mudança de postura, o chefe do Executivo era um crítico ferrenho do grupo durante as eleições de 2018 e, agora, tem os parlamentares desses partidos como base de governo e fiadores da nova campanha.

Durante o pico da pandemia da covid-19, que já vitimou mais de 686 mil brasileiros, pregou contra a vacinação, disse que a doença seria uma “gripezinha”, negou “ser coveiro”, defendeu medicamentos sem eficácia comprovada e postergou a compra de vacinas.

Em meio à campanha por mais quatro anos na cadeira palaciana, na qual continua pregando o lema “Deus, pátria, família” acrescido de “liberdade”, o chefe do Executivo repetiu quase que diariamente “não ter errado em nada” na condução de políticas de saúde na pandemia e chegou a dizer que deu uma “aloprada” na fala sobre as mortes. Mas voltou a defender a cloroquina, como ‘tratamento precoce’, afirmou que quando falou em ‘virar jacaré’, ao se referir a possíveis efeitos colaterais da vacina, e disse que apenas usava uma ‘figura de linguagem’.

Como medida eleitoreira, com foco na população mais pobre, Bolsonaro aumentou, nos últimos meses, o valor da mensalidade do Auxílio Brasil para R$ 600, além de promover subsídios para caminhoneiros e taxistas. Também na frente econômica, destacou a queda do preço dos combustíveis. Mesmo tendo a máquina pública à disposição, os itens alimentícios e outros itens de consumo ainda seguem em alta, atingindo com mais força a população com menor poder aquisitivo. Logo, apesar dos sinais de melhora na economia, Bolsonaro não conseguiu reverter a vantagem de Lula.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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