Uso da força policial contra bloqueios e silêncio de generais enterram golpismo

By | 01/11/2022 2:45 pm

MPF e MPE decidem abrir investigações contra organização criminosa por trás das ações que buscam golpe de Estado; acusados podem pegar até 30 anos de cadeia

 

(Coluna de Marcelo Godoy, Repórter especial do Estadão, Atualização: 

Foto do autor: Marcelo Godoy

Até a noite de segunda-feira, dia 31, o comando da Polícia Militar temia que o uso da força contra os manifestantes levasse a uma reação contrária, como a que aconteceu em 2013, quando o uso excessivo da força contra estudantes e integrantes do Movimento Passe Livre no centro de São Paulo detonou uma série de manifestações que levaram à suspensão dos aumentos das passagens de ônibus e metrô em São Paulo, além de protestos em todo o País. Mas, depois que o MPF começou a requisitar à Polícia Federal a abertura de inquéritos nos Estados e com a decisão do ministro Alexandre de Moraes de ameaçar com prisão o diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, a situação mudou.

Logo em seguida, foi a vez de o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubo, determinar ao Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) abrir investigação contra o movimento golpista dos bolsonaristas. “O Gaeco está investigando porque, na visão do Ministério Público, trata-se de uma organização criminosa que está atentando contra o estado democrático de direito no Brasil”, afirmou o procurador-geral.

Tropa de Choque da PM foi enviada para desobstruir rodovias em SP bloqueadas por bolsonaristas
Tropa de Choque da PM foi enviada para desobstruir rodovias em SP bloqueadas por bolsonaristas Foto: Reprodução/TV Globo

Ele se reuniu com o governador Rodrigo Garcia (PSDB) e com a cúpula da PM paulista no Palácio dos Bandeirantes, onde foi definida a mudança de estratégia da PM. De imediato, a Tropa de Choque foi convocada para lidar com os manifestantes recalcitrantes. A ordem era chegar nos pontos de bloqueio e ordenar a saída imediata dos manifestantes. Caso se recusassem, os PMs deviam aplicar multa de R$ 100 mil. Se isso não resolvesse, a ordem era chamar o Choque e usar a força e prender os líderes do movimento em flagrante. Com essas medidas, a PM espera resolver a situação até o fim da tarde, apesar da simpatia de muitos de seus homens pelo bolsonarismo, a hierarquia e a disciplina prevaleceriam.

O mesmo ocorre nos quartéis das Forças Armadas. Um silêncio enorme ronda as unidades em todo o País, que são alvo de manifestações de bolsonaristas desesperados com o resultado da eleição. As vivandeiras procuram os granadeiros, mas não conseguem mobilizar em um cabo e um soldado para o golpe. Os generais já discutem como se dará a transição para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não querem confusão e afirmam que o expediente está normal nos quartéis.

Aguardam a definição de quem serão os novos comandantes das Forças. Se Lula cumprir a intenção de escolher o novo comandante do Exército pelo critério da antiguidade, dois nomes ganham força: os dos generais Júlio Cesar de Arruda, comandante do departamento de Engenharia e Construção, e do general Tomás Miguel Miné Ribeiro de Paiva.

Se optar por alguém mais moderno, Lula poderá escolher o general Richard Nunes, atual Comandante Militar do Nordeste para o cargo. Richard é elogiado pelo respeito à institucionalidade e por defender a isenção e o apartidarismo da instituição. Foi comandante da Escola de Comando e Estado Maior do Exército (Eceme) e secretário da Segurança Pública do Rio, em 2018.

Assim, o silêncio dos generais e a decisão das PMs de usar a força para desobstruir as rodovias enterra de vez as pretensões e ilusões golpistas do bolsonarismo radical. Lula – queiram ou não – tomará posse em 1º de janeiro. O dia a dia e o trabalho das instituições vai levar ao esvaziamento dos ânimos golpistas do que se iludiram com as conversas dos valentões do WhatsApp.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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