À falta de opção, Bolsonaro reconhece a derrota na eleição e desencoraja arruaça
O pronunciamento de Jair Bolsonaro (PL) sobre o resultado da eleição deve ser compreendido como um reconhecimento tácito de que não existe nada que ele possa fazer para reverter a derrota sofrida.
Ao quebrar quase dois dias de silêncio nesta terça (1º), Bolsonaro agradeceu aos 58 milhões de eleitores que o sufragaram, festejou o avanço de seus aliados no Congresso Nacional e destacou o surgimento de novas lideranças da direita.
Não mencionou o adversário vitorioso, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas prometeu cumprir a Constituição como presidente da República e como cidadão. Com o anúncio do processo de transição de governo, feito em seguida pelo ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, a derrota estava reconhecida.
A arruaça teve início na noite de domingo (30), quando se conheceu a definição do segundo turno, e se alastrou com intensidade no dia seguinte, causando prejuízos e transtornos em toda parte.
No episódio, a atuação dos agentes federais responsáveis pela segurança nas rodovias gerou não poucas dúvidas e críticas, inclusive no Ministério Público Federal.
Por dois dias, o silêncio do presidente alimentou boatos, fantasias golpistas e teorias conspiratórias de todo tipo, talvez encorajando alguns seguidores mais fanáticos a engrossar os protestos inúteis, como se o país estivesse à beira de uma conflagração.
Dada a omissão de autoridades, foi necessário que a cúpula do Poder Judiciário impusesse a lei contra a baderna, determinando a desobstrução imediata das estradas e autorizando o emprego das polícias militares estaduais para tanto.
O plenário do Supremo Tribunal Federal formou em minutos a maioria necessária para referendar a correta decisão do ministro Alexandre de Moraes, que mandou agir contra os desordeiros na segunda (31). A normalidade começou a voltar horas após a entrada das polícias estaduais em ação.
Enquanto Bolsonaro se mantinha recluso no Palácio da Alvorada, magistrados, líderes do Congresso, governadores e empresários se mobilizaram para restaurar a ordem e convencê-lo a fazer seu pronunciamento.
A demora do gesto decerto não engrandeceu a gestão de Bolsonaro, mas isso não importa mais.
Comentário nosso
Bolsonaro cometeu uma série de barbaridades durante o seu desgoverno. Cometeu barbaridades durante à campanha que o levou à derrota. E o mostrou incompetência até na derrota. Terminou com “o rabo entre as pernas”, mendigando um acordo para não ser preso depois que sair do Governo. (LGLM)