Greve convocada por bolsonaristas tem fake news e paralisações localizadas

By | 08/11/2022 4:35 am

Gigante de alimentos Aurora informou que não parou atividades e foi alvo de fake news

 

greve geral convocada por bolsonaristas nesta segunda-feira (7) teve paralisações localizadas no Sul e Centro-Oeste do país, fake news sobre empresa que teria aderido e uso de vídeos de atos de 7 de Setembro. A convocação, que pedia a adesão de empresários, tinha ares de locaute (greve de empresas, hoje proibida pela legislação).

O Ministério Público do Trabalho também investiga denúncias de funcionários que estariam sendo pressionados a participar de manifestações antidemocráticas.

No estado de São Paulo, não houve fechamento de indústrias ou lojas que tenham sido notificados ao Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ou à FecomércioSP, segundo informaram as entidades à reportagem na tarde desta segunda.

“Todas as unidades agropecuárias, industriais, comerciais, centros logísticos e setores de apoio estão operando normalmente. A logística de transporte continua atendendo às demandas em todas as regiões onde a empresa atua”, disse, em nota.

A empresa diz respeitar o movimento “amparado pelo princípio constitucional da liberdade de manifestação e tem demonstrado seu caráter pacífico e ordeiro”. Além disso, espera que “em nome da paz social, todas as questões que emergiram nesse período pós-eleitoral sejam equacionadas pelo diálogo e pelo respeito entre os cidadãos-manifestantes e os Poderes da República”, informou.

Já o Sistema Famasul, que integra a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul, com sede em Campo Grande (MS), não teve expediente nesta segunda-feira (7). Segundo comunicado publicado em suas redes sociais, a paralisação é em apoio às manifestações “pacíficas e ordeiras” que são feitas pelo Brasil.

Em Mato Grosso do Sul, a suspensão nas atividades da Famasul foi confirmada pela recepção da entidade, que informou à reportagem não haver colaborador trabalhando no local nesta segunda. A Folha não conseguiu contato com responsável pela entidade para mais detalhes sobre o ato até a publicação deste texto.

A Famasul integra a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), além de congregar 69 sindicatos rurais e a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS).

Comunicado sobre paralisação foi publicado nas redes sociais da Famasul neste domingo (6) – Reprodução

Em nota publicada no site da entidade, no dia 2 de novembro, a Famasul fala sobre “resgate e fortalecimento dos valores da família e de um Brasil mais soberano e independente”, reforçando não abrir mão do “direito de propriedade, liberdade, livre expressão, crescimento econômico e social do país”.

Em Rondonópolis (MT), o presidente da Acir (Associação Comercial e Industrial), Renato Del Cistia, estima que 70% das empresas da cidade fecharam ou estão trabalhando em regime de plantão. Segundo ele, esta é uma percepção pessoal, e inclui empresas do ramo do comércio, indústria, agronegócio e setor de serviços.

“A associação comercial não pode, por estatuto, apoiar ou incentivar o fechamento de qualquer empresa. Mas Rondonópolis, com certeza, apoia esse movimento. Nós somos uma cidade do interior e as empresas e os empresários apoiam o movimento”, afirma Del Cistia.

Segundo Del Cistia, na manhã desta segunda, houve uma carreata em apoio aos manifestantes. O movimento se concentra em frente ao 18º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha), do Exército Brasileiro.

CAMINHONEIROS DIZEM QUE NÃO ADERIRAM À CONVOCAÇÃO DE GREVE

Lideranças de caminhoneiros autônomos informaram que a categoria não participou da mobilização desta segunda e que o fluxo nas rodovias foi normal. “Dentro da categoria dos caminhoneiros, foram as grandes empresas que estiveram presentes [nos atos iniciados após o resultado das eleições presidenciais]. Transportadoras e grandes empresários. O caminhoneiro autônomo que estava nas rodovias ficou preso [nos bloqueios]”, diz Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística).

No final da tarde, Santa Catarina teve o último bloqueio liberado após confronto com a polícia e a maioria dos estados tinha estradas livres. No Pará, manifestantes atacaram a PRF (Polícia Rodoviária Federal) com tiros e pedras no momento em que policiais tentavam desbloquear o trecho da rodovia, um dos últimos pontos de interdição no país. Na noite desta segunda-feira, havia obstruções em rodovias federais de quatro estados: Rondônia, Mato Grosso, Pará e Paraná.

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MPT RECEBEU DENÚNCIAS DE FUNCIONÁRIOS PRESSIONADOS A PARTICIPAR DE ATOS

O MPT (Ministério Público do Trabalho) informou que está acompanhando denúncias de funcionários que estariam sendo pressionados a participar de manifestações antidemocráticas, o que é ilegal. “Se a iniciativa de fechar o negócio é do empregador, o trabalhador tem direito ao dia de trabalho”, afirmou Adriane Reis de Araújo, coordenadora nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades do MPT.

O órgão ainda acompanha casos de assédio eleitoral registrados após o término das eleições e reforça que dispensar, afastar ou punir o funcionário por desavença política é considerado conduta discriminatória, o que pode acarretar consequências na esfera trabalhista, sem prejuízo de outras penalidades.

Se a empresa quiser dispensar seus empregados no dia de um ato, por exemplo, ela pode, mas não pode obrigá-los a participar de quaisquer ações.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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