Escolhas econômicas

By | 10/11/2022 3:12 pm

Lula contempla divergência na transição, mas será inevitável desagradar a alguém

 

(Editorial da Folha, 09/11/2022)

 

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Economista Persio Arida, que faz parte da equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Zanone Fraissat/Folhapress

Economistas de correntes diversas de pensamento foram chamados para a equipe de transição de governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que decerto não ajuda a reduzir a incerteza em torno da agenda a ser adotada a partir de 2023.

O grupo terá Persio Arida, um dos formuladores do Plano Real e alinhado a teses liberais; André Lara Resende, também da equipe do Real, mas nos últimos anos defensor de ideias controversas na área monetária; Nelson Barbosa, ministro durante o estatismo de Dilma Rousseff (PT); e Guilherme Mello, da Unicamp, atuante à esquerda.

É evidente que os currículos resumidos em poucas palavras deixam de fora nuances ou até eventuais pontos de concordância entre os quatro. Parece evidente, entretanto, que as escolhas pretenderam acenar tanto à militância partidária quanto à vasta parcela da opinião pública que teme a repetição de erros graves do passado.

A primeira teve maior protagonismo em seu primeiro mandato, quando foram respeitadas metas fiscais e de inflação, aprovou-se uma reforma previdenciária e, não menos importante, o caríssimo programa Fome Zero da campanha deu lugar ao focalizado e bem-sucedido Bolsa Família.

Mesmo nesse período, porém, a ala oponente dispunha de cargos e influência para patrocinar aumentos de gastos, reajustes de salários e ativismo nas estatais. Em episódio que ficou célebre, Dilma, então na Casa Civil, teve em 2005 o apoio presidencial para barrar um ambicioso plano de ajuste fiscal.

O intervencionismo econômico ganhou força no segundo mandato, ainda mais quando a crise econômica global tornou justificável a expansão das despesas públicas e do crédito favorecido por meio de bancos oficiais. Após a eleição de Dilma, abandonou-se o que restava de prudência e produziu-se o desastre conhecido.

Desta vez, Lula terá dificuldades consideravelmente maiores se quiser, mais uma vez, equilibrar-se entre gregos e troianos. As contas do Tesouro Nacional encontram-se depauperadas, e o governo depende do mercado credor até para pagamentos cotidianos. Não está no horizonte o cenário global favorável de duas décadas atrás.

Mesmo admitindo-se uma elevação inevitável de despesas permanentes a partir de 2023, há que indicar logo quem dará as cartas na economia e o que será feito das contas públicas. Não haverá como contentar Arida, Lara Resende, Barbosa e Mello ao mesmo tempo.

 

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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