Após decisão de Moraes, coligação de Bolsonaro racha, e Republicanos diz que vai recorrer à Justiça
Em recurso, Republicanos deve usar declarações do presidente do partido, Marcos Pereira, feitas logo após proclamação do resultado oficial, em 30 de outubro
Caciques de Republicanos e PP, partidos que formaram com o PL o arco de aliança na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), veem espaço para se livrar da multa de R$ 22,9 milhões e do bloqueio do fundo partidário imposto pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. A CNN apurou que a avaliação é compartilhada por integrantes do Judiciário.
Segundo relatos feitos à CNN, os dois partidos devem ingressar com o recurso na Corte até esta sexta-feira (25). As equipes jurídicas dos dois partidos estão trabalhando juntas para que as peças ao TSE tenham o mesmo teor.
Republicanos e PP devem dizer que não foram consultados sobre a ação em que o PL pede a anulação de votos em mais de 279 mil urnas apenas no segundo turno da eleição e reforçar o argumento de que, em nenhum momento, questionaram o resultado das urnas.
A CNN apurou que a equipe jurídica do Republicanos deve, inclusive, incluir no recurso declarações do presidente do partido, deputado Marcos Pereira (SP), feitas logo depois da proclamação do resultado oficial, no dia 30 de outubro.
Às 20h28 daquele dia, Marcos Pereira usou as redes sociais para reconhecer a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e comemorar a eleição de Tarcísio de Freitas, do Republicanos, como governador de São Paulo.
No dia seguinte, 31, Pereira divulgou um vídeo de 2 minutos sobre as eleições de 2022. No filme, o dirigente diz reconhecer a eleição de Lula. “Apoiamos o presidente Bolsonaro até o último minuto, trabalhamos, mas, nas urnas, o povo escolheu. As urnas são soberanas. Não há porque duvidar do resultado das urnas. Não há porque questioná-los, senão teríamos que questionar a eleição do Tarcísio.”
Nesta quarta-feira (23), Moraes determinou uma multa de R$ 22,9 milhões aos partidos da coligação — PP, PL e Republicanos — por litigância de má fé, por não terem provas das acusações feitas contra a legitimidade da eleição. A ação foi elaborada pelo partido de Bolsonaro, mas foi feita em nome de toda a coligação partidária.
O movimento de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, irritou integrantes do PP e do Republicanos. A CNN apurou que líderes das duas legendas tentaram falar com o cacique nesta quinta (24), mas não conseguiram. A avaliação é a de que Valdemar está “encurralado” pela ala bolsonarista que ingressou no partido com o presidente Jair Bolsonaro.
Segundo relatos à CNN, Valdemar teria admitido a integrantes do Congresso e do Judiciário que o aval à ação ao TSE tem como pano de fundo a pressão sobre o controle do partido que elegeu a maior bancada na Câmara para a próxima legislatura —e, consequentemente, ficará com as maiores fatias dos fundos partidário e eleitoral.