Há culpados e omissos no maior ataque terrorista do País

By | 09/01/2023 10:20 am

Os sistemas de inteligência e de segurança federais falharam. Incompetência ou conivência?

 

(COLUNA de Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 09/01/2023)

Foto do autor: Eliane Cantanhêde

O governador Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, se transformou no grande vilão do maior ataque à democracia e aos três Poderes de que se tem notícia no Brasil, mas atenção a uma rápida referência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao falar da crise: é preciso olhar também os erros do próprio governo federal. Como ninguém soube, ninguém viu, ninguém se preparou para o tsunami?

As invasões terroristas ao Planalto, ao Supremo e ao Congresso, com atos de vandalismo, depredação do patrimônio e destruição de símbolos, é um fato inédito. Mas não deveria ter sido uma surpresa. Foram dados todos os sinais, inclusive do principal responsável pelos atos terroristas, o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas a única autoridade federal que agiu foi o ministro da Justiça, Flávio Dino, que convocou de véspera a Força Nacional.

Essa força, porém, atua com cerca de 150 agentes e a maior parte do contingente é da PM e da Polícia Civil do DF, onde o secretário de Segurança, Anderson Torres, era um bolsonarista óbvio, escancarado. Onde estavam as Polícias Judiciária e Legislativa? E o Batalhão de Guarda Presidencial, vinculado ao Comando Militar do Planalto, logo, ao Exército? No 7 de Setembro, o Supremo, por exemplo, foi fortemente protegido para “eventualidades”. E ontem?

Golpistas invadem o Congresso Nacional, em Brasília.
Golpistas invadem o Congresso Nacional, em Brasília. Foto: Adriano Machado/ Reuters

Falharam os setores de inteligência e os sistemas de segurança que se espalham pelos poderes e não detectaram nem agiram à altura contra a história de um ataque terrorista anunciado. Incompetência? Ou conivência?

Até o início da noite, muitas dezenas de terroristas haviam sido presos, o Planalto, o Supremo e o Congresso haviam sido liberados e Lula tinha anunciada à Nação a intervenção federal no DF, sob responsabilidade, agora, do Ministério da Justiça. Mas é preciso mirar no exemplo dos Estados Unidos, que prendeu 900 terroristas e está levando as investigações às últimas consequências.

O foco é saber quem, ou que organizações, nacionais ou internacionais, financiam um golpe de tamanha audácia, com mais de cem ônibus, comida, água potável e estrutura à vontade? Os executores do crime são a parte visível, mas o fundamental é saber quem manda e quem paga. Para que o Brasil não sofra, e o mundo não assista nunca mais, a um ataque terrorista dessas proporções, contra a democracia.

Comentário

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *