O governador Ibaneis Rocha, do Distrito Federal, se transformou no grande vilão do maior ataque à democracia e aos três Poderes de que se tem notícia no Brasil, mas atenção a uma rápida referência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao falar da crise: é preciso olhar também os erros do próprio governo federal. Como ninguém soube, ninguém viu, ninguém se preparou para o tsunami?
As invasões terroristas ao Planalto, ao Supremo e ao Congresso, com atos de vandalismo, depredação do patrimônio e destruição de símbolos, é um fato inédito. Mas não deveria ter sido uma surpresa. Foram dados todos os sinais, inclusive do principal responsável pelos atos terroristas, o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas a única autoridade federal que agiu foi o ministro da Justiça, Flávio Dino, que convocou de véspera a Força Nacional.
Essa força, porém, atua com cerca de 150 agentes e a maior parte do contingente é da PM e da Polícia Civil do DF, onde o secretário de Segurança, Anderson Torres, era um bolsonarista óbvio, escancarado. Onde estavam as Polícias Judiciária e Legislativa? E o Batalhão de Guarda Presidencial, vinculado ao Comando Militar do Planalto, logo, ao Exército? No 7 de Setembro, o Supremo, por exemplo, foi fortemente protegido para “eventualidades”. E ontem?
Falharam os setores de inteligência e os sistemas de segurança que se espalham pelos poderes e não detectaram nem agiram à altura contra a história de um ataque terrorista anunciado. Incompetência? Ou conivência?
Até o início da noite, muitas dezenas de terroristas haviam sido presos, o Planalto, o Supremo e o Congresso haviam sido liberados e Lula tinha anunciada à Nação a intervenção federal no DF, sob responsabilidade, agora, do Ministério da Justiça. Mas é preciso mirar no exemplo dos Estados Unidos, que prendeu 900 terroristas e está levando as investigações às últimas consequências.
O foco é saber quem, ou que organizações, nacionais ou internacionais, financiam um golpe de tamanha audácia, com mais de cem ônibus, comida, água potável e estrutura à vontade? Os executores do crime são a parte visível, mas o fundamental é saber quem manda e quem paga. Para que o Brasil não sofra, e o mundo não assista nunca mais, a um ataque terrorista dessas proporções, contra a democracia.