Sem anistia para golpistas, sem piedade
A pedido da Advocacia-Geral da União, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ordenou a prisão de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. Um dia depois de assumir a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres voou ao encontro de Bolsonaro em Orlando.
Antes de fazê-lo, demitiu ocupantes de cargos-chave da Secretaria e não nomeou seus substitutos. Dessa forma, a Secretaria estava acéfala no dia da tentativa do golpe insinuado há mais de ano pelo ex-presidente que se evadiu. Torres anunciou sua volta ao Brasil para não ter que entrar na lista dos procurados pela Interpol.
Bolsonaro já construiu o dele para desvincular-se da suspeita de que sabia do golpe. Dirá que condenou os bloqueios de estradas por caminhoneiros, a invasão por vândalos do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, e que estava fora do país quando isso aconteceu. Convincente?
Quanto à memória do seu celular… Uma vez, pediram ao Supremo a apreensão do celular de Bolsonaro. Ele revoltou-se, disse que jamais o entregaria, antes mesmo de o Supremo julgar o pedido improcedente. Mas à época, ele era o presidente. Agora, não é mais nada, e responde a quatro inquéritos no Supremo.
Se pensa em exilar-se na Itália, terra dos seus avós, fique sabendo que por lá não será bem-vindo. O governo da Itália é de extrema-direita, embora finja que é só de direita. Sob pressão de chefes de Estado da Comunidade Europeia, a primeira-ministra italiana criticou o movimento golpista do último dia 8 no Brasil.
Bolsonaro arrisca-se a ficar parecido com o antigo porta-aviões São Paulo, da Marinha brasileira. Posto à venda, ele foi comprado por uma empresa turca para ser desmontado e transformado em sucata. Sua entrada na Turquia, porém, foi proibida pelo governo porque o navio contém materiais tóxicos em sua estrutura.
Desde então, o navio vaga pelo mundo sem encontrar um país que o aceite.