O desafio de Lula: afastar os militares golpistas sem confrontar os legalistas e as Forças Armadas

By | 17/01/2023 7:43 am

Para o presidente, ruim com Múcio, pior sem ele]

 

Foto do autor: Eliane Cantanhêde

Entre tantas heranças malditas deixadas por Jair Bolsonaro, não só para Lula, mas para o Brasil, a mais complexa e difícil de consertar é o estrago nas Forças Armadas. Não depende só de recursos e dança de cadeiras, é preciso muito mais, sobretudo tempo, habilidade e bom senso.

A questão é como tratar o racha e os radicais, em particular no Exército, que expeliu Bolsonaro como capitão, mas foi tragado por ele à custa de cargos, salários e privilégios.
A questão é como tratar o racha e os radicais, em particular no Exército, que expeliu Bolsonaro como capitão, mas foi tragado por ele à custa de cargos, salários e privilégios. Foto: Reprodução

Grande parte dos militares não votou em Lula, mas, assim como há golpistas histéricos, a maioria – espera-se! – é de oficiais legalistas, que prezam a Constituição, as instituições e a democracia. E batem continência para a autoridade constituída, dentro dos princípios de ordem, disciplina e hierarquia.

Exemplos: o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e seus antecessores Eduardo Leal Ferreira e Ilques Barbosa, que saíram dos grupos de WhatsApp de suas turmas da Escola Naval em defesa de Olsen e da democracia, e os ex-comandantes do Exército, general Fernando Azevedo e Silva, e da FAB, brigadeiro Juniti Saito, adeptos da pacificação que o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tenta a duras penas.

A questão é como tratar o racha e os radicais, em particular no Exército, que expeliu Bolsonaro como capitão, mas foi tragado por ele à custa de cargos, salários e privilégios. É inaceitável ter golpistas se refestelando 60 dias no Quartel-General, com churrascos e banheiros químicos, no que Flávio Dino (Justiça) chamou de “incubadora de terroristas”. E se fossem o MST, indígenas, moradores de rua?

O Exército foi leniente, ou conivente, e o problema é calibrar a reação, punindo os culpados sem confrontar a instituição e sem jogar mais lenha na fogueira. Lula não pode fingir que não aconteceu nada, nem testar força com as FA, botar a faca no pescoço de brigadeiros, almirantes e generais. Ele já disse que não quer saber quem votou em quem, mas tem de separar o joio do trigo, isolar o inimigo – bolsonaristas irrecuperáveis, que aplaudem golpes e conspiram – e ampliar os canais com os legalistas – que querem paz e diálogo, mas sem abrir guerra contra seus pares.

O melhor para Lula e o Brasil é ele manter o processo de pacificação, atraindo os legalistas e impedindo que eles, por corporativismo, se unam aos hostis. Não é com um ministro petista, ou esquerdista, que vai conseguir. Para Múcio, é muito fácil retomar a vida boa no Recife. Para Lula, ruim com Múcio, pior sem ele.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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