Ícone do Repente, Ivanildo Vila Nova completará 60 anos de carreira e diz ao Blog que sua trajetória inicia em Santa Terezinha com Odilon Nunes de Sá

O Blog do Jordan Bezerra conversou com um dos maiores repentistas do Brasil, Ivanildo Vila Nova, que esteve  no município de Santa Terezinha a convite do poeta Lola, fazendo uma participação na Rádio Conexão FM, na manhã deste sábado, dia 4 de fevereiro.

Ivanildo Vila Nova é natural de Caruaru (PE), e é um dos grandes nomes da cantoria de viola e do repente. Participou em mais de 500 congressos, cantorias e torneio de cantadores. Ele foi um dos responsáveis para profissionalizar a atividade cultural. O poeta é o autor da canção Nordeste Independente gravado pela cantora Elba Ramalho. Ele possui mais de 15 discos gravados, entre eles, um disco gravado com o Jomaci Dantas Nóbrega. Apresentou-se em seis países da Europa. Apresentou-se ao lado de Oliveira de Panelas, nas Torres Gêmeas, em Nova Iorque, uma semana antes do atentado de 11 de setembro. É considerado por muitos o maior cantador da história da cantoria de viola.

Na oportunidade, o jornalista Jordan Bezerra questionou como o repentista se sente ao estar de volta ao município de Santa Terezinha, terra do poeta Odilon Nunes de Sá. Ivanildo Vila Nova mostrou-se muito honrado em estar de volta à cidade, onde tem muitas raizes pessoais.

“Foi aqui que eu comecei, onde eu me desgrudei e desgarrei do meu pai (o também cantador José Faustino Vilanova), o primeiro cantador que ele entregou-me para fazer uma viagem como profissional foi Odilon Nunes de Sá. […] Daí em diante, não parei mais, até hoje, vou completar 60 anos de carreira, agora em junho”, disse o repentista.

O Blog questionou Ivanildo acerca da avaliação que ele faz de sua carreira nacional, e ele respondeu explicando a sua trajetória no repente, e como ele alcançou o seu público, deixando, assim, o seu legado para o Brasil inteiro. Visto que a canção Nordeste Independente foi gravado pela cantora Elba Ramalho.

“O problema de Elba, o público que ela atingiu não era o público da cantoria, porque o público da cantoria já conhecia o trabalho Nordeste Independente, então ela atingiu um outro público, que era o pessoal formador de opinião. Em Caruaru eu já fiz uma trajetória muito grande. Atualmente estou residindo em Acari, no Rio Grande do Norte. […] Os cantadores nunca tiveram estudo acadêmico, mas os cantadores sempre tiveram um grau de conhecimento enorme, para quem não frequentava escola, universidade. Os cantadores sempre souberam de muita coisa, tanto que serviam de jornal para o interior, onde não havia rádio, serviam como transmissores de conhecimento. Só que, eles próprios não se valorizavam e depois tomou-se consciência de que cantoria era uma profissão, hoje regulamentada. […] A partir de 74, eu acho que o divisor das águas é Campina Grande, a partir do Congresso de Campina Grande, aí apareceu uma geração de cantadores que mudou a postura dos cantadores em relação ao povo”, explicou Ivanildo Vila Nova.

Ivanildo Vila Nova falou também acerca de suas inspirações na cantoria, fora do ambiente familiar, que lhe incentivaram na profissão.

“Eu realmente não queria ser cantador, porque aos 12 anos eu comecei a viajar com o meu pai, cantar, fazer os primeiros versos, a cantoria estava em baixo. Dificilmente você via um cantador que tivesse uma casa para morar. Eu realmente fui cantador forçado pelas circunstâncias, mas meu tio era cantador profissional, meu pai era cantador e escritor popular, meu avô foi poeta. Eu tinha a herança, a genética da cantoria. Gostava muito da cantoria do meu pai, mas um cantador de quem ele muito falava e que eu admirava muito, depois viajei e cantei com ele, era Dimas Batista. Esse realmente era o que quando eu comecei eu queria imitar até a maneira de sentar, de pegar na viola. Ainda hoje admiro muito tudo que ele fazia.

Por fim, Ivanildo Vila Nova falou de sua parceria sem igual com relevantes nomes da cantoria, que o acompanharam nos festivais do repente e na vida.

“Depois que eu passei pelos cantadores mais velhos, aí passei a fazer parceria com Sebastião da Silva, depois com Severino Feitosa, e muitos outros cantadores. Cada um é uma forma de cantar diferente e, por último, eu tive uma parceria muito longa com Raimundo Caetano. Cantador não é aquela coisa como dupla caipira, que começa e termina. Cantador vai muito de acordo com a preferência do povo”, explicou o repentista Ivanildo Vila Nova.