Para integrantes da Corte, a reunião com embaixadores, a minuta do golpe e a divulgação de um inquérito da Polícia Federal sobre uma suposta invasão a sistemas e bancos de dados do TSE formariam um quadro amplo de situações em que Bolsonaro espalhou desinformação sobre as urnas
Integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ouvidos pela CNN avaliam que uma eventual condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em processo que pede sua inelegibilidade seria pelo “conjunto” de seguidos dados falsos passados de público sobre as urnas eletrônicas e sobre o processo eleitoral.
A ação mais avançada contra Bolsonaro foi movida pelo PDT e questiona a realização de um ato com embaixadores, em 2022, no qual o então presidente usou dados falsos para questionar a lisura do processo eleitoral em evento no Palácio da Alvorada.
Dentro dessa ação também está contida a apuração sobre a minuta de decreto de Estado de Defesa, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Em decisão do dia 19, o corregedor-geral eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), solicitou dados sobre exames periciais feitos pela Polícia Federal neste documento e fez encaminhou o pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da investigação contra Torres na Corte.
O acesso à perícia foi feito pela defesa de Bolsonaro.
Para integrantes da Corte eleitoral, a reunião com embaixadores, a minuta do golpe e a divulgação de um inquérito da Polícia Federal sobre uma suposta invasão a sistemas e bancos de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formariam um quadro amplo de situações em que Bolsonaro espalhou desinformação sobre as urnas –e assim, se encaminharia a decisão que pode tornar Bolsonaro inelegível, segundo fontes do TSE ouvidas pela CNN.
O ministro do TSE Benedito Gonçalves determinou que sejam tomados cinco novos depoimentos no caso, todos pedidos pela defesa de Bolsonaro: três pessoas que o entrevistaram em 2022 sobre o inquérito do TSE, o ex-deputado Major Vitor Hugo e o deputado federal Filipe Barros (PL-PR). Todos devem ser ouvidos até o dia 27.
Para o PDT, partido que entrou com a ação, os depoimentos são apenas uma forma de tentar prolongar o processo e adiar a data de marcação do julgamento. Para o advogado Walber Agra, que atua no caso pela legenda, ao ouvir os cinco o TSE deixa claro que está dando “amplo espaço de defesa a Bolsonaro”.
A defesa de Bolsonaro vem argumentando, desde o ano passado, sobre a questão das urnas eletrônicas, que não se pode restringir a liberdade de expressão e impedir que o presidente faça as críticas que bem entender.