(Misael Nóbrega de Sousa, no Notícias da Manhã, em 24/03/2023)
Anúncio de programação de São João é como escalação de time do coração, em final de campeonato: cada forrozeiro vira um treinador de futebol.
Hoje (23), a cidade de Patos, Paraíba, que realiza uma das maiores festas do Nordeste nesse segmento, anunciou oficialmente as datas e atrações do “São João de Patos é da gente”, em solenidade que aconteceu num shopping da cidade.
Ninguém agrada a todos, mas há argumentos mais legítimos que insultar as gerações passadas, dando-lhes como desprezo a justificativa de que “o novo sempre vem”.
Pelo palco do Terreiro do Forró, nos cinco dias do evento, irão se apresentar: Nattan, Mari Fernandes, Raí Saia Rodada, Xand Avião, Jonas Esticado, Alok, Wesley Safadão, Iguinho e Lulinha, Eric Land, Jorge & Mateus, Felipe Amorim, Luan Santana, Henry Freitas, Zé Cantor e Bizay.
É verdade que, hoje em dia, as mídias sociais influenciam a contratação de quem está “estourado” por aí. Como deixar de fora, por exemplo, quem faz sucesso no tik tok? Porém, isso acirra ainda mais a discussão quanto a ausência de nomes identificados com o gênero que notabilizou Luiz Gonzaga como rei do baião: o forró.
Não acho descabida a manutenção dos aspectos culturais de antigamente, mesmo o prefeito Nabor Wanderley afirmando que ‘o São João de Patos é feito para a juventude”, ignorando os valores que marcaram gerações inteiras e que deviam ser tratadas com mais consideração e respeito.
Ao perder contato com a sua essência, a festa se transforma em uma coisa viva, mas sem alma. Temos que profissionalizar o evento, resguardando-o, ainda que por força de lei, para que não sofra uma solução de continuidade; até porque recuar agora não seria vantajoso para ninguém.
Se cada gestor que passar pela prefeitura inventar de “carimbar” a festa de São João usando um “selo de vaidade”, além de menos garantias da preservação das características tradicionais, caminharemos para o fim definitivo de sua identidade cultural, em detrimento de um comportamento político-eleitoral.
E o São João não tem prefeito.
Não necessariamente defender os costumes é querer ofuscar o brilho das estrelas da moda… – Ou rivalizar com os mais jovens, pois é deles o direito de experimentar dos prazeres e desafios de agora. O que “velhos forrozeiros” querem é a alegria de todos os Santos, em todos os junhos, até para não perderem da memória a lembrança mais feliz de suas vidas…
– “Havia balões no ar Xote e baião no salão E no terreiro, o teu olhar Que incendiou meu coração”
Comentário nosso
Parabéns Misael pelo editorial. Apenas um reparo. Se Dinaldo ficou na história como o prefeito que levou o São João de Patos ao maior sucesso, Nabor ficará na história como o prefeito que “entrerrou” o São João em nome de uma modernidade que não tem gosto, só agonia! Não é mais São João é um sertanejo brega funk piseiro! Viva o “racha”. Adeus Melhor São João do Mundo. Descanse em paz! Aécio está chamando de São Joãonejo. Eu diria Sertanejoão. É um sertanejo fantasiado de São João. (LGLM)