(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 28/03/2023)
Jornalista que se preza não muda de lado com facilidade. Afinal o que garante a credibilidade de um jornalista é um mínimo de coerência. Se alguém muda de lado com facilidade, dá logo a impressão de que também se vende com a mesma facilidade quanto muda de lado.
Quem me conhece há mais de quarenta anos sabe que sempre tive declaradamente um lado, embora procure fazer o jornalismo mais equilibrado possível.
Abordo o assunto, porque alguns amigos perguntaram se eu, que tanto critiquei Bolsonaro, tinha mudado de lado, pois agora estava criticando Lula.
Apesar de ter votado declaradamente em Lula, continuo crítico do desgoverno de Bolsonaro. E se critico Lula é, justamente, porque desejo que seu governo tenha o sucesso que os que votamos nele acreditamos que ele seria capaz de ter. Ou que, pelo menos, conseguisse ser melhor do que Bolsonaro.
Nesses primeiros dias de governo, Lula tem “pisado na bola”. Como tenho dito em comentários, falar de improviso é um perigo para qualquer orador, qualquer político ou qualquer jornalista. Uma palavra mal utilizada pode levar o cidadão a ser mal interpretado. E Lula tem dito muitas besteiras nos seus improvisos. Nisso está repetindo Bolsonaro. Que sempre que abria a boca dizia um monte de besteiras.
Outro detalhe que temos percebido no noticiário é “o fogo amigo” disparado por muitos petistas, criticando uns aos outros, principalmente os que estão de fora, criticando os que estão no governo. Nas entrelinhas destas críticas, quem estiver atento, verá a preocupação com as consequências políticas das medidas criticadas. Ou seja, ninguém se preocupa com a oportunidade das medidas para melhorar a situação do país. Muitos estão mais preocupados com as consequências que tais medidas possam ter para o futuro político do PT.
Esta preocupação com o futuro político é percebida no próprio Lula. Parece que a maior preocupação dos petistas não é com o futuro do país, mas com o futuro do PT, que será avaliado nas eleições municipais do ano que vem, que será uma prévia de 2026.
Por isso, temos criticado alguns posicionamentos de Lula e dos seus seguidores. Todos precisam descer do palanque e pensar em governar o país, o que todos esperamos do Governo que elegemos, mesmo aqueles que não votaram nele. Pois, queiram ou não queiram, Lula é nosso presidente pelos próximos quatro anos.
Afinal, a função correta da imprensa é noticiar os fatos com isenção e independência e fazer críticas construtivas e não a simples bajulação sistemática. A qualquer governo, federal, estadual ou municipal.